O doleiro Adir Assad afirmou ao Ministério Público de São Paulo que repassou R$ 1 milhão da CCR ao ex-diretor da Dersa, Paulo Vieira de Souza. A investigação tem como base acordo de leniência da concessionária com a Promotoria na área Cível. No termo, a empresa confessa pagamentos a pelo menos 15 políticos.
“Pelo que me recordo, o total de comissões que recebi dos contratos da CCR girou em torno de R$ 9,2 milhões acabei repassando a Paulo Vieira de Souza o valor aproximado de R$ 1 milhão pelos serviços superfaturados da CCR”, afirmou.
Os detalhes do depoimento de Adir Assad foram revelados pelo repórter Walace Lara, da TV Globo.
O doleiro ainda relata. “No período que fui apresentado ao senhor Renato Vale por Paulo Vieira de Souza posso afirmar que este último inclusive chegou a me chamar no telefone dizendo que estava no gabinete do governador do Estado para acertar negócios relacionados aos esquemas junto a empreiteiras”.
Ele chegou a ser questionado se conheceu o ex-governador José Serra (PSDB), no cargo quando os pagamentos teriam ocorrido, mas negou.
Segundo a Promotoria, a CCR admitiu ter pago de forma ilícita ao menos R$ 30 milhões para campanhas eleitorais de ex-governadores e deputados de São Paulo. Pelo menos 15 políticos são citados, entre eles os ex-governadores Geraldo Alckmin e José Serra, ambos do PSDB, o ex-ministro e secretário licenciado do governo João Doria (PSDB), Gilberto Kassab (PSD) e o deputado estadual Campos Machado (PTB). Todos negam os repasses.
Prisão
Em outra investigação, no âmbito da Operação Lava Jato, Paulo Vieira de Souza foi preso nesta terça, 19. A Lava Jato atribui ao ex-diretor da Dersa envolvimento em supostos esquemas de lavagem de dinheiro da Odebrecht que abasteciam ex-diretores da Petrobrás e políticos, entre eles, o ex-senador e ex-ministro Aloysio Nunes Ferreira Filho (Relações Exteriores/Governo Temer), presidente da Investe São Paulo, empresa do governo João Doria.
Segundo os investigadores, contas do ex-diretor da Dersa chegaram a ter a cifra de R$ 130 milhões na Suíça.
Vieira de Souza também teria ocultado R$ 100 milhões em sua casa em São Paulo, que seriam usados para abastecer o doleiro Adir Assad, em pagamentos a diretores e gerentes da petrolífera, em nome da Odebrecht.
Nesta investigação, Assad também colaborou e disse que estacionava uma van na casa de Vieira de Souza e chegava a carregá-la com malas de dinheiro.
COM A PALAVRA, CCR
“São Paulo, 19 de fevereiro de 2019
Nota à imprensa
Conforme Fato Relevante publicado em 7 de dezembro de 2018, o Grupo CCR informa que apresentou às autoridades competentes as conclusões das apurações realizadas pelo Comitê Independente, órgão criado pelo Conselho de Administração da companhia. Por determinação da legislação que rege os Termos de Autocomposição assinado com o Ministério Público do Estado de São Paulo, as informações apuradas são sigilosas.
O Grupo destaca que o trabalho minucioso realizado pelo Comitê Independente gerou uma série de recomendações a fim de reforçar a política de governança e de transparência da holding e de suas controladas. Tais medidas já começaram a ser implementadas pela vice-presidência de Compliance. No mesmo comunicado ao mercado, em dezembro, a CCR também informou que nenhum executivo ligado aos fatos apurados estava na companhia a partir daquela data.
A companhia reitera compromisso, entretanto, de manter permanentemente canais de relacionamento com todos os seus públicos, incluindo seus acionistas, nacionais e internacionais, sempre de forma ágil e transparente, respeitando os limites das normas aplicáveis. O Grupo CCR esclarece que continua à disposição das autoridades para quaisquer esclarecimentos que envolvam a companhia e suas controladas.
Grupo CCR”