Dois ex-governadores na disputa no Paraná

O futuro político do senador Roberto Requião (PMDB) mais do que de seu adversário, Álvaro Dias (PDT), está em jogo nas eleições para o governo do Paraná. Caso perca o pleito, Requião ficará sem mandato nos próximos quatro anos e com situação incômoda dentro do partido, uma vez que foi um dos primeiros a se rebelar contra a decisão da executiva nacional pela coligação com o PSDB para a Presidência da República. Mas, vencendo, vai adquirir mais força para se impor nacionalmente perante a sigla. Álvaro, mesmo com a derrota, retorna para o Senado, onde tem mais quatro anos de mandato, preparando-se para nova disputa ao governo estadual em 2006.

Ex-aliados políticos quando ambos eram filiados ao PMDB, Álvaro – que governou o Estado entre 1987 e 1990 – foi um dos defensores de Requião para sucedê-lo, mesmo tendo como conseqüência algumas inimizades. Os dois venceram. A amizade foi abalada nas eleições de 1998, quando Requião disputava o governo contra Jaime Lerner (PFL).

Requião acusou seu ex-aliado, que concorria ao Senado, de ter feito um ?acordo branco? com Lerner, que prejudicou sua eleição. Agora, eles chegam ao segundo turno da eleição com as diferenças apontadas por pesquisas dentro das margens de erro.

Álvaro era o único candidato definido antes mesmo do início da campanha eleitoral e considerado favorito contra qualquer adversário. Em torno de Requião havia sempre dúvidas, visto que estava em jogo uma reeleição praticamente garantida para o Senado e a incerteza do governo do Estado. O senador peemedebista nunca negou que pretendia concorrer ao governo, mas mesmo alguns políticos de seu grupo defendiam a reeleição e o apoio a um candidato colocado pelo PT.

Após as eleições do primeiro turno, em que Álvaro terminou com 31,4% dos votos válidos contra 26,2% de Requião, o candidato do PMDB foi mais ágil na conquista de apoios. A ele se somaram, entre outros partidos menores, o PT, o PPS e o PL, além da declaração favorável dos presidentes regionais do PSDB e do PFL. Ao candidato do PDT somou-se apenas o PSB, com pouca expressão no Paraná. O apoio do PT era o mais disputado, em razão da boa votação de Luiz Inácio Lula da Silva. Venceu Requião, que conseguiu inclusive o depoimento de Lula a seu favor. A Álvaro restou declarar seu voto no petista.

Com os apoios recebidos, o candidato do PMDB posicionou-se, na última semana, pela primeira vez na campanha, à frente do adversário na pesquisa feita pelo Ibope/Rede Paranaense de Comunicação. Os últimos números mostram 46% das intenções de votos para Requião e 42% para Álvaro. Considerados apenas os votos válidos, a vantagem continua com Requião, que teria 52% das preferências, enquanto Álvaro ficaria com 48%. A disputa voto por voto mostrada nas pesquisas deve se refletir na apuração, que o Tribunal Regional Eleitoral promete encerrar ainda hoje (27).

Num segundo turno em que a busca de apoios políticos tornou-se o foco, as propostas de governo não foram aprofundadas, apesar do maior tempo no horário eleitoral. Mas ambos puderam dar algumas pinceladas sobre o que pretendem. Como objetivo principal a criação de empregos e a segurança pública. Requião mostrou mais ousadia. Ele pretende atrair empresas com a redução de 40% no preço da energia elétrica. Além disso, promete diferimento de ICMS e a criação de uma Caixa Econômica do Paraná, que poderia financiar a diversificação da agricultura.

Álvaro pretende criar 520 mil empregos com a descentralização do desenvolvimento, criando-se a Agência Regional de Desenvolvimento e Fomento e o Banco do Emprego e da Produção, que teria filiais em 10 mesorregiões do Estado. A proposta é que os micro e pequenos empresários e agricultores tenham crédito facilitado. Na área de segurança, as propostas são quase as mesmas e começam pela valorização do bom policial e punição aos maus.

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