O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse nesta quinta-feira que considerou “absolutamente reveladores” os novos documentos obtidos pela Comissão Nacional da Verdade, que esclareceram as circunstâncias da prisão do ex-deputado Rubens Paiva.
De acordo com o coordenador da comissão, Cláudio Fonteles, é possível afirmar “categoricamente” que Paiva foi morto nas instalações do DOI-Codi em janeiro de 1971. No final do ano passado, a comissão recebeu papéis encontrados na casa do coronel reformado do Exército Júlio Miguel Molinas Dias, assassinado em novembro de 2012 quando chegava em casa, em Porto Alegre.
Segundo Fonteles, Rubens Paiva foi morto sob tortura por três agentes do Exército nos porões do DOI-Codi. Um já estaria morto e outros dois devem ser convocados para depor.
Um outro documento, o informe nº 70 do DOI-Codi, explica como o ex-deputado foi levado de casa por agentes do Cisa, órgão de inteligência da Aeronáutica. O informe foi encontrado no Arquivo Nacional, em Brasília.
“Quando foi lançada a Comissão da Verdade, havia algumas pessoas céticas de que ela pudesse apresentar algum resultado e até quem dizia que era uma comissão que não acrescentaria nada do ponto de vista de fatos que já estavam sacramentados”, disse Cardozo a jornalistas, após participar de cerimônia no Ministério da Educação (MEC) em que foi assinado cooperação técnica para inclusão de presos no Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec).
“Esse fato (as novas informações sobre Rubens Paiva) mostra que a Comissão foi bem-vinda, (foi) iniciativa importante tomada pelo governo federal e aprovada por unanimidade no Congresso Nacional. Os brasileiros não podem conviver com uma sombra na sua história, a luz do sol é muito importante para esclarecer fatos, até para que eles não se repitam”, completou Cardozo.