Mesmo se não for condenado na sessão desta quarta-feira (05) no Conselho de Ética do Senado, o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL) terá muita dificuldade para explicar uma nota promissória datada de 12 de novembro de 1985, no valor de CR$ 143 milhões – em dinheiro da época -, que foi dada como garantia de pagamentos que teriam sido feitos pelo usineiro João Lyra. Juntos, eles teriam adquirido um jornal diário e duas rádios em Alagoas. Renan é acusado de ter utilizado laranjas para ocultar sua participação na transação.
A promissória, obtida pelo jornal O Estado de S. Paulo, foi apresentada pelo usineiro como prova de que ele vem fazendo pagamentos a Renan desde 1985. Além desse documento, a reportagem teve acesso a um recibo de 4 de março de 2005, assinado por Ildefonso Antônio Tito Uchôa Lopes, um dos supostos laranjas do presidente do Senado, de quem é primo.
O recibo seria relativo à primeira parcela de R$ 100 mil – de um total de R$ 500 mil – paga por João Lyra para aquisição da Rádio Paraíso, cuja concessão estava para vencer. Segundo o usineiro, depois de dissolvida a sociedade, ?Renan exigiu para regularizar a licença da rádio a quantia de R$ 500 mil?. Em depoimento, Lyra contou que o pagamento para Tito Uchôa foi uma determinação de Renan, que preferia manter-se no anonimato.
A explicação para o fato de que o dinheiro teria sido pago a Uchôa, e não diretamente a Renan foi dada por João Lyra à Polícia Federal e à Corregedoria do Senado. Em depoimento na superintendência da PF em Alagoas, ele afirmou ainda que ?Tito Uchôa sempre foi representante do senador Renan Calheiros nos negócios ocultos celebrados por este?. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.