O presidente do diretório estadual do PMDB, deputado Dobrandino da Silva, e o vice-presidente estadual, deputado Nereu Moura, estão desconfortáveis com a dualidade do partido em relação à eleição presidencial. Dobrandino disse que a negociação oficial para uma aliança no Paraná está sendo feita com o PSDB e ameaçou punir quem estiver fora do tom.
Ele se refere aos peemedebistas, que estão envolvidos na criação do comitê suprapartidário em defesa da reeleição do presidente e do governador Roberto Requião, que tem também a participação de representantes do PT e do PMDB.
Dobrandino afirmou que os peemedebistas devem seguir a orientação partidária e que foi a Brasília na semana passada fazer uma proposta oficial de coligação com o PSDB com o aval do governador Roberto Requião. Mas ressaltou que não existe um acordo fechado com os tucanos. "A nossa convenção é no dia 24. Até lá, ninguém pode falar que está apoiando esse ou aquele. Temos que enquadrar esse pessoal, porque o partido tem que falar a mesma linguagem", afirmou.
Moura disse que tem uma preferência de apoio a Lula, mas acha que o partido deve ter uma linha única, seja agora ou depois da realização da convenção estadual. "Tem setores do partido que estão apoiando o Lula. Mas isso ainda não foi definido em convenção. Não ajuda em nada o PMDB. O partido fica com duas caras", criticou o vice-presidente do partido.
Ontem à noite, estava programada uma reunião da executiva estadual com os candidatos à Assembléia Legislativa e Câmara dos Deputados. No encontro, Dobrandino pretendia abrir a discussão sobre o descompasso do partido. "Nós temos que tentar unificar. Se tivéssemos candidato a presidente, seria mais fácil", afirmou o presidente do PMDB, mencionando a decisão da executiva nacional ontem, em Brasília, de não lançar candidato à sucessão presidencial.
Intrigas
Dobrandino e Moura responderam às declarações do presidente estadual do PT, deputado André Vargas, que viu na divisão do PMDB paranaense entre as candidaturas de Geraldo Alckmin (PSDB) e a reeleição do presidente Lula (PT), uma estratégia calculada do governador para angariar apoios entre as duas forças para a sua reeleição, sem se comprometer oficialmente com nenhum lado. "Quem está afastando o PMDB do PT é o André Vargas, que não tem feito outra coisa a não ser criticar o governo estadual", acusou Moura.
Para Dobrandino, a falta de posicionamento de Requião reflete apenas sua indefinição diante das duas candidaturas. "Até o dia da convenção, isso vai se definir", afirmou o presidente do PMDB, citando que o governador tem dificuldades em romper seus elos com o PT. "O apoio do Lula foi fundamental para a eleição dele em 2002. Ele passou os primeiros dois anos do governo elogiando o Lula. Agora, fica ruim ele começar a metralhar o Lula. Eu sei que a decepção dele é grande, mas ele não pode manifestar isso publicamente", declarou o presidente estadual do PMDB.
Dobrandino disse que já analisou os prós e contras da aliança com os tucanos, que no plano estadual comanda a oposição ao governo Requião. Segundo ele, trata-se de um acordo que tem uma coeficiente de rejeição, sobretudo diante do eleitor que não entende essa composição de contrários. Mas garantiu que, nos seus cálculos, os ganhos são maiores. "A possibilidade de vitória é maior que o prejuízo", comentou.