O presidente do diretório municipal do PMDB, Doático Santos, disse ontem que deixa o comando do partido em Curitiba se assim desejar o governador Roberto Requião. "Foi o Requião que me colocou na presidência. Não vejo problema em ceder se ele pedir", afirmou Doático. Ele disse ainda que está disposto a conversar com a ala adversária, que planeja pedir a dissolução da executiva do partido em Curitiba, sobre a antecipação da mudança na direção, prevista para acontecer na convenção municipal marcada para outubro.
Doático afirmou que uma das saídas para o impasse pode ser a nomeação de uma comissão provisória até outubro ou a eleição de um conselho político. "Não sou apegado a cargos. Acho que o partido deve agora mobilizar sua base para a eleição do Requião em 2006. Eu vou fazer isso, independente de estar na presidência ou não. Eu não preciso de um cargo para executar este projeto e além disso já estou cansado de conviver com essa gente", afirmou.
Doático disse que ficou "frustrado" por não se eleger vereador, e "desanimado" com a derrota do deputado estadual Ângelo Vanhoni (PT) na disputa pela prefeitura, mas não considera que o PMDB tenha saído com saldo negativo no processo eleitoral do ano passado. Doático não aceita a leitura de que levou o partido ao caos ao defender a aliança entre PT e PMDB.
Ele cita os números. Diz que a coligação fez mais de 400 mil votos, o correspondente a 46% dos votos válidos, e o PMDB elegeu quatro vereadores, um a menos do que o PSDB, o partido do prefeito. "O Salamuni (vereador Paulo Salamuni, líder da bancada) é um saudosista. Ele ainda é do tempo do bipartidarismo. Estamos numa época diferente. Temos dez partidos com representação na Câmara. O desempenho do PMDB na eleição não respalda esse pedido de dissolução do diretório. O PMDB entrou e saiu da eleição como um grande partido", argumentou.
Doático disse que a razão do que chamou de "levante" desse setor do PMDB que pede sua saída está na própria dificuldade em ser oposição a Beto Richa. "Neste início de gestão, há um clima de namoro com a Prefeitura. Eu acho engraçado que eles (os vereadores e os deputados) se reuniram para discutir a troca no diretório, mas não fizeram ainda nenhuma reunião para definir a postura com relação à nova administração", finalizou.