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Do sonho da dança ao curso de fisioterapia

Era agosto de 2016. O professor Maurício Luz ministrava a aula inaugural do curso de Fisioterapia da Universidade Paulista (Unip), no câmpus Paraíso, para uma turma jovem e ansiosa. Na ocasião, ele decidiu contar aos alunos como a profissão que eles tinham acabado de escolher era responsável por devolver a esperança e salvar a vida de muitas pessoas. No meio da narração, uma garota levantou a mão e pediu licença para contar a sua própria história.

A garota era Maíra Panas, de 23 anos, uma das vítimas do acidente aéreo que vitimou o ministro Teori Zavascki, de 68. À turma, ela revelou que a fisioterapia já havia salvado a sua vida. De acordo com o professor, um acidente de carro teria feito com que ela perdesse uma bolsa de estudos internacional, um curso de dança no exterior. O acidente teria sido grave o suficiente para deixá-la, por algum tempo, com dificuldades sérias de locomoção. “Segundo ela, foi um fisioterapeuta que fez com que ela voltasse a dançar”, disse Luz.

Maíra nasceu em Juína, cidade de 40 mil habitantes, localizada a 735 km de Cuiabá, em Mato Grosso. A família dela era bastante popular na cidade – principalmente por causa de sua mãe, Maria Hilda Panas Helatczuk – também vítima do acidente aéreo de anteontem, em Paraty.

Maria Hilda era professora de uma escola de ensino fundamental. Muitos moradores da cidade a descrevem como uma mulher “forte” e “divertida”. Além de Maíra, ela tinha outra filha, a advogada Kelli Cristini Panas Helatczuk. Por parte da família, quem falou com o Estado foi Heriton Guarienti, marido de Kelli: “Maíra era uma sonhadora talentosa”, contou.

Antes de ingressar na faculdade de Fisioterapia, Maíra teve diversos trabalhos em São Paulo. Ela foi babá, vendeu suco “detox”, atuou como professora de dança, bailarina de dança do ventre e massoterapeuta.

“Ela era uma menina bacana, que corria atrás mesmo. Há alguns dias, ela me enviou uma mensagem perguntando se eu já tinha alguma apresentação agendada”, disse o cantor de música árabe Tony Mouzayek. A última vez que ele esteve com ela foi em dezembro, coincidentemente em um bar no Campo de Marte, local de onde decolaria um mês mais tarde.

Uma amiga contou que Maíra tinha um namorado em São Paulo, o Joe. De acordo com ela, era um relacionamento de aproximadamente dois anos. Um relacionamento apaixonado, mas turbulento. No Facebook de Joe, uma mensagem que confirma a versão da amiga: “Entre tantas brigas, tantas idas e vindas, tantas coisas feitas um contra o outro…”.

Massoterapia

Como massoterapeuta, Maíra começou a trabalhar no SPA Emiliano, no Hotel Emiliano, em São Paulo. Foi nesse contexto que ela conheceu o empresário Carlos Alberto Fernandes Filgueiras. Como sofria de fortes dores no ciático, ele valia-se dos serviços de Maíra (já havia seis meses).

O convite para acompanhar o empresário em uma viagem a Paraty coincidiu com a chegada da mãe de Maíra a São Paulo. A professora aproveitou as férias para visitar a filha. Mais do que isso, Maria Hilda acabara de completar 55 anos. “Quando Maíra contou da mãe para o Carlos Alberto, ele quis dar um presente para as duas. E também convidou Maria para a viagem”, disse Guarienti.

Ao embarcar, Maíra e Maria Hilda mandaram mensagens aos familiares e tiraram votos no avião. No mesmo voo, além do empresário e do piloto, estava uma importante figura da República, o ministro Teori Zavascki. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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