O PSDB elegeu, nesta sexta-feira, 31, a nova direção do partido e formalizou o ex-deputado e ex-ministro Bruno Araújo como presidente nacional da sigla. Em um evento realizado no auditório do subsolo de um centro de convenções em Brasília, a convenção foi marcada por discursos defendendo a construção de um “novo PSDB”. Por outro lado, a ala antiga, que perdeu poder na legenda, deixou recados de que o partido precisa voltar às origens.

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O governador de São Paulo, João Doria (PSDB-SP), conseguiu emplacar Bruno Araújo como presidente do partido. Foi ao evento vestindo uma camiseta amarela com a inscrição “Novo PSDB”, replicada no traje de aliados. “As raízes devem ser mantidas e preservadas, não precisamos apagar nossa história, mas precisamos também construir a nossa história. É isso que o povo brasileiro espera do PSDB, que tenha raízes, respeita a sua história, mas que seja protagonista da história”, discursou o paulista.

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Antes de falar, Doria ouviu do prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto, que colocar um aliado na direção da sigla não significaria que agora pudesse mandar na legenda. “O governador Doria, pelo fato de ser governador de São Paulo, não passa a ter o direito de ser dono do PSDB. O PSDB não pode ter dono”, declarou Arthur Virgílio, que ainda fez um discurso de conciliação com o ex-governador Geraldo Alckmin, agora ex-presidente do partido. Na última eleição presidencial, o prefeito foi contra o partido colocar o paulista como candidato ao Planalto. “Tudo o que passou para trás passou, eu quero olhar para frente. Que nunca mais se realiza uma eleição para presidente da República sem prévias duras, debatidas e disputadas democraticamente.”

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Nem a ala da juventude do PSDB ficou fora da disputa entre os grupos antigo e novo da legenda. A Ação Popular, que conseguiu eleger Julia Jereissati para a Juventude Nacional do PSDB, trocou provações com a ala Conexão, ligada ao governador Doria. Julia, sobrinha do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), foi vaiada pela ala alinhada ao paulista e gerou reações do outro grupo. O presidente do PSDB do São Paulo, Marco Vinholi, chegou a entrar no embate e foi aconselhado por aliados a se retirar.

A ala que assumiu a direção do PSDB defende posicionamentos claros sobre assuntos polêmicos e nacionais. O novo presidente, Bruno Araújo, prometeu afastar o partido das “hesitações”. “Vamos nos transformar em um partido de posições. Vamos derrubar o muro. Vamos errar, mas vamos errar de um jeito novo. Não há chance de acertar sem coragem e o PSDB tem coração para acertar para o destino do País”, discursou.

Presidente de honra do PSDB, Fernando Henrique Cardoso não veio e alegou motivos pessoais. FHC enviou um vídeo defendendo que o partido não se perca nos princípios ao tentar encontrar uma nova roupagem. “Pode mudar de nome, pode fazer coligação, mas no princípio não pode mudar. Tem que ser democrático e tem que ter lado, esse lado é do povo brasileiro”, afirmou o ex-presidente na gravação.

Outros partidos estiveram na convenção. O presidente nacional do MDB, Romero Jucá, e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), foram chamados para o palco. Além disso, foi citado que havia dirigentes do PL (antigo PR), do PP, do Cidadania e do PRB no encontro. O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) declarou que há uma tentativa de criar um grupo de partidos contra os extremismos. “Estamos vivendo em um momento de extremos, a extrema-direita de um lado extremamente radicalizada, intransigente e intolerante e a mesma coisa na esquerda. E a grande maioria silenciosa dos brasileiros não está em nenhuma dessas extremidades”, afirmou em entrevista.

Código de ética do partido fica de fora dos discursos

O código de ética escrito pela direção da legenda, que prevê a expulsão de filiados condenados na Justiça, não ganhou destaque nos discursos. João Doria, ao falar, citou que o PSDB precisa continuar buscando “transparência e ética” com as novas regras. Geraldo Alckmin, por sua vez, declarou que a legenda está tendo “coragem” ao colocar “tudo na internet” quando falou do programa de integridade formulado. Ausente na convenção, o deputado Aécio Neves (MG), réu no Supremo Tribunal Federal, não foi lembrado na fala dos principais líderes tucanos.

Com os novos dirigentes poupando o presidente Jair Bolsonaro nos discursos, Alckmin fez seu último discurso como presidente do PSDB atacando o governo e pedindo para os tucanos não terem medo de “pôr o dedo na ferida”. “Esses oportunistas políticos por 30 anos numa deslealdade vêm atacar a vida dos homens públicos jogando a sociedade contra suas instituições. Não temos duas verdades, a extrema-direita e a extrema-esquerda. Temos duas grandes mentiras, o petismo e o bolsonarismo.”