Em meio a projeções de vitória das duas alas, o PMDB de Curitiba realiza sua convenção hoje para decidir se apóia o pré-candidato do PT, deputado estadual Angelo Vanhoni, ou indica candidato próprio à prefeitura de Curitiba.
A votação com a participação de 64 convencionais começa às 16h30 e será encerrada às 21h30, na sede do diretório estadual. Além da meta de derrotar o grupo do prefeito Cassio Taniguchi (PFL), o grupo pró-aliança argumenta que também está em jogo na convenção de hoje o processo eleitoral de 2006. Para os peemedebistas adeptos da cabeça de chapa petista, o apoio do PMDB a Vanhoni será retribuído pelo PT na eleição para o governo em 2006.
O governador Roberto Requião tem direito a apenas um voto, mas já deu o tom do resultado que gostaria de ter na convenção. Declarou apoio público à coligação com o PT e fez previsões de derrota se os dois partidos não estiverem no mesmo palanque. Ainda que tenha remetido a decisão ao partido, a manifestação de Requião reforçou a posição do grupo pró-aliança. “O partido vai optar pela coligação porque é a decisão mais inteligente. Se ganhar a candidatura própria, o derrotado será o governador que sinalizou publicamente pela coligação”, analisou o vice-presidente estadual do partido, deputado estadual Nereu Moura.
Requião disse o que pensava sobre o dilema peemedebista, mas não participou diretamente do processo de conquista dos votos dos convencionais. Foi uma estratégia que o preserva como pacificador interno após a convenção. Se a tese da aliança for vitoriosa, Requião terá trabalho para resgatar para o palanque misto com o PT o grupo do deputado federal Gustavo Fruet, que junto com o deputado estadual Rafael Greca, estão inscritos na convenção como pré-candidatos a prefeito. Se vencer a candidatura própria, Requião terá dificuldade semelhante para aglutinar o grupo pró-Vanhoni em torno de uma candidatura genuinamente peemedebista.
Confirmação
O presidente do diretório municipal, Doático Santos, disse ontem que a vitória da aliança é inevitável e que o governador Roberto Requião será imediamente acionado para que convoque o partido e apele para a união entre as duas alas. “Sabemos que a conversa com o Gustavo é mais demorada. Entretanto, ele tem conversado bastante com o Vanhoni e isso pode ajudar a abrir um canal”, disse.
O grupo pró-aliança reuniu-se no início da noite de ontem para confirmar os votos que espera consolidar hoje. Doático e o secretário de Educação, Maurício Requião, convocaram todos os convencionais que votaram com o grupo na disputa pelo comando do diretório municipal no ano passado. “Todos ratificaram suas posições. Não estamos cantando vitória, mas a nossa expectativa é de uma vitória”, afirmou o ex-secretário Nizan Pereira, indicado como pré-candidato a vice-prefeito na chapa de Vanhoni. A previsão do grupo é vencer a convenção com uma vantagem de doze votos.
Gustavo insiste na candidatura própria
O deputado federal Gustavo Fruet disse que a convenção de hoje corresponde a um julgamento da história do PMDB e da sua história dentro do partido. “O que está em jogo é se o PMDB vai me dar um voto de confiança ou não. E se o partido tem um projeto para Curitiba ou não”, afirmou o deputado, que se reuniu ontem com os vereadores do partido e outros integrantes do primeiro escalão do governo favoráveis à tese da candidatura própria.
Gustavo acha que pode derrotar o grupo pró-aliança se o processo for transparente. Integrantes do círculo próximo a Gustavo não descartam sua saída da sigla, mas ele não antecipa o que vai fazer se o resultado da convenção lhe for adverso. “Eu não estou especulando sobre isso agora. O que eu posso dizer é que está na hora de fechar esse processo, que foi mal conduzido. Não foi construído. Foi imposto. Foi um processo totalmente destrutivo”, disse o deputado.
Ele se considera vítima de “um massacre” interno conduzido pela direção municipal para impedir a discussão da candidatura própria. “Eu tentei construir um projeto, mas me senti como se tivessem colocado cem toneladas no meu pé. Houve um processo de esvaziamento”, criticou.
Gustavo disse ainda que é difícil superar o poder do que chamou de “máquina partidária”. Para o deputado, o colégio eleitoral da convenção de hoje foi direcionado para derrotar a tese da candidatura própria. “Contamos com a serenidade de todos os participantes e esperamos que não haja pressões sobre os convencionais, como aconteceu nas duas últimas convenções, em outubro e dezembro do ano passado. Foram duas convenções viciadas que deram origem a esse colégio eleitoral. Entretanto, se essa não for a noite de São Bartolomeu (confronto sangrento entre católicos e protestantes em Paris, em 1572), nós podemos ganhar a convenção”, afirmou.