Cerca de 200 dissidentes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) marcharam hoje até o centro de Piacatu, a 530 km de São Paulo, para protestar contra o despejo de um acampamento instalado numa vicinal do município. O grupo, ligado a José Rainha Júnior, ex-líder do MST, ocupou a frente da prefeitura.
O acampamento havia sido montado durante o “carnaval vermelho” promovido por Rainha em fevereiro, quando 5 mil sem-terra foram mobilizados para acampar nos limites de 70 fazendas do oeste paulista. Em Piacatu, os militantes acamparam na SPV-020, uma vicinal asfaltada, em frente à fazenda Hortelã.
Na sexta-feira, o juiz João Alexandre Sanches Batagello, da Comarca de Bilac, acatou ação de reintegração de posse da prefeitura e mandou os sem-terra deixarem o local. Ele proibiu que o grupo acampasse em qualquer outra rodovia municipal ou estadual da cidade, sob pena de pagamento de multa diária no valor de R$ 10 mil.
Os sem-terra deixaram a cidade no início da tarde e se dirigiram para o município vizinho, Guararapes. O grupo se dividiu e montou dois acampamentos na divisa das fazendas Curucaia e Retiro do Curucaia. De acordo com o líder dos sem-terra Luciano de Lima, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) está vistoriando as terras da região e há expectativa de que muitas fazendas sejam consideradas improdutivas. Segundo ele, as prefeituras de Bilac, Rubiácea e Gabriel Monteiro também entraram com ações para a retirada de acampamentos.