Se os candidatos à Prefeitura de São Paulo nas eleições de 2012 estiverem mesmo dispostos a superar os problemas da maior cidade brasileira, precisarão passar por cima de interesses eleitorais e se comprometer com uma política de longo prazo para o município. É o que dizem os franceses Martin Vanier, professor de geografia urbana da Universitè Joseph Fourier-Grenoble, e Vincent Renard, economista diretor do Centro Nacional de Pesquisa Científica da França, que apontam a descontinuidade das políticas públicas como o maior problema de São Paulo.

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Em visita ao Brasil para participarem de seminário hoje, na Universidade Mackenzie – organizado pela senadora Marta Suplicy, pré-candidata do PT -, os pesquisadores conversaram com a reportagem sobre a situação política da metrópole. Para eles, graças à falta de projetos de longo prazo, a capital paulista ainda precisa lidar com problemas básicos, como transportes e habitação.

Renard, que esteve em São Paulo pela primeira vez há 25 anos, avalia que “muito pouco mudou desde então”. Para ele, “nos municípios brasileiros, quando há mudança de governo, há muito pouca continuidade dos programas”. A explicação para isso, afirmam os especialistas, é política: preocupados em criar uma marca de governo, os prefeitos, ao assumirem, fazem questão de desconstruir a gestão anterior. Prova disso, dizem Renard e Vanier, é o fato de São Paulo ainda ser uma cidade segregada, com 20% da população morando em favelas, a despeito dos vários anos de projetos de urbanização dessas comunidades.

Para Vanier, estudioso do urbanismo de cidades médias “transporte público é base de qualquer cidade, grande, média ou pequena”, e “sem administrar o transporte coletivo, as cidades fortalecem os desequilíbrios.”

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A professora de urbanismo do Mackenzie, Nadia Somekh, defende que o transporte urbano não conseguirá ser equalizado enquanto a discussão for feita no nível municipal, sem incluir todas as cidades do entorno da capital. “Enquanto ignorarmos que este é um debate que envolve toda a região metropolitana, nada será resolvido”, afirmou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.