Nos estertores desta campanha eleitoral, a disputa pela vaga ao Senado foi parar na Justiça Eleitoral. A candidata da Coligação Paraná Unido, Gleisi Hoffmann (PT), ajuizou ontem uma denúncia de crime eleitoral contra o senador Alvaro Dias (PSDB), por ele ter usado o horário dos candidatos proporcionais no programa eleitoral gratuito no PSDB.
Alvaro perdeu cinqüenta segundos do seu último programa, exibido ontem. Gleisi perdeu também um minuto, pelo mesmo motivo. No início da semana, o PSDB ajuizou uma ação pedindo a suspensão da divulgação da pesquisa de intenções de votos encomendada pelo diretório nacional do PT. A pesquisa foi impugnada porque o juiz eleitoral Renato Lopes Paiva acatou representação dos tucanos, que denunciaram irregularidades na amostragem.
Como recheio desta guerrilha está o crescimento da candidata petista nas pesquisas de intenções de votos. Fora do círculo petista e aliados, poucos acreditam que Gleisi possa tirar a vaga de Alvaro, mas seu desempenho trouxe um clima de disputa para uma eleição em que não se visualizava nenhum concorrente direto para o senador tucano.
Alvaro afirmou que, apesar do crescimento da adversária, a campanha não sofreu nenhum solavanco. O senador tucano disse que campanha mesmo ele só fez nestes últimos vinte dias. Alvaro preferiu continuar trabalhando no Senado e relatou que entrou tarde na campanha eleitoral. Mas que, desde o início da campanha, sua pontuação tem ficado em torno de 50% das intenções de votos. ?A candidata cresceu, mas eu não caí um ponto.? Alvaro citou que, apesar de o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, ter tirado férias para ajudar Gleisi, nada mudou. ?Eu não acredito em fenômenos extra-terrestres e a campanha, espero, vai terminar tão tranqüila como começou. A disputa para o Senado foi limpa e respeitosa?, disse o tucano.
Neste período em que fez o corpo a corpo com o eleitor, Alvaro disse que constatou, mais uma vez, que a campanha majoritária deveria ser mais curta. E mais barata. ?Quem quer chegar ao Senado, já passou por muitos testes. O Senado é a casa de políticos experientes. O Senado reúne ex-presidentes, ex-ministros e ex-governadores. Lá não é lugar para aprender. São pessoas que já passaram pelo estágio comprobatório da política. Só precisa de uma campanha mais longa quem quer começar por cima?, alfinetou o senador.
Surpresa
Gleisi disse que não está preocupada em ser um ?fato novo? na campanha, mas que ficou surpresa com a receptividade do eleitor ao seu nome. ?Tem uma identificação muito grande das pessoas que querem renovar, não só no nome, mas também na forma de fazer política?, disse a candidata.
Ela acredita que pode vencer a distância que a separa de Alvaro. ?Quando começamos, estava com 52 pontos percentuais atrás dele. Agora são cerca de vinte pontos. Não podemos esquecer que o Senado é o último voto que o eleitor decide. Foi assim na eleição do Flávio (Arns)?, lembrou.
Quanto à experiência, Gleisi afirmou que, apesar de não ter exercido mandato parlamentar, tem em seu currículo várias funções na área de gestão pública e que seu último cargo foi uma diretoria de uma das maiores usinas do mundo, a Itaipu. ?O que é mais importante é levar para o Senado a representação das pessoas?, devolveu.
