Disputa na Câmara vale a prefeitura de Londrina

A indefinição sobre o futuro político de Londrina, com a confirmação da cassação do registro de candidatura de Antonio Belinati (PP), vencedor nas urnas, e a provável realização de um novo segundo turno entre o segundo colocado, Luiz Carlos Hauly (PSDB), e o terceiro, Barbosa Neto (PDT) refletiu na composição da mesa executiva da Câmara Municipal para a próxima legislatura. Como o novo presidente da Câmara assumirá, interinamente, a Prefeitura, as negociações para a composição da mesa ganharam mais importância e polêmica.

Um dos nomes mais cotados para presidir o legislativo municipal logo após a eleição de 5 de outubro, o vereador reeleito Roberto Kanashiro (PSDB) reconhece que ficou mais complicado sua condução ao cargo. “A candidatura está lançada, estamos na fase de articulações, mas não está fácil, pois todas as conversas estão ligadas aos apoios para o novo segundo turno”, comentou. Para Kanashiro, a principal dificuldade é conseguir o apoio dos três vereadores do PDT, uma vez que tucanos e pedetistas deverão disputar a Prefeitura em fevereiro.

Presidente da Comissão de Ética da casa e um dos poucos vereadores a passarem limpos pelos escândalos de corrupção que ocorreram na Câmara no início do ano, Kanashiro vê na sua credibilidade o principal trunfo para presidir a Câmara. “Mas a eleição da mesa não depende da opinião pública, é um jogo político e há outros grupos se articulando. Houve grande renovação e os novos vereadores também podem reivindicar a presidência”, comentou. O vereador acredita estar pronto para administrar interinamente a cidade. “A maior responsabilidade nesta interinidade será fazer com que a máquina não pare. Para isso, estou disposto a convocar pessoas experientes, que já trabalharam por Londrina, independente do ponto de vista partidário”, disse.

Vereador mais votado neste ano, o sobrinho do deputado Antonio Belinati, Marcelo Belinati (PP), disse que não pretende disputar a presidência da casa nem por uma questão de “desforra” da família. “Não sou candidato, estamos conversando com um grupo de vereadores, principalmente do PDT, para indicarmos um único nome, que ainda não está definido”, disse o vereador, lembrando que Barbosa Neto (PDT) apoiou Belinati no segundo turno. Na tarde de ontem, lideranças do PDT, PP e outros partidos tiveram uma reunião para tentar definir o nome de um candidato à presidência da Câmara. PDT, PSDB e PT terão três vereadores cada na próxima legislatura da Câmara Municipal de Londrina. PP e PTB terão dois parlamentares e PMDB, PSB, PTC, PRB, PRP e PTN terão um representante cada.

Nedson Micheleti destaca reflexão política

Elizabete Castro

O prefeito de Londrina, Nedson Micheleti (PT), disse que o impasse gerado na cidade pela impugnação da candidatura do deputado estadual Antonio Belinati (PP), candidato vencedor do segundo turno da eleição, provocou uma reflexão política que considerou “saudável” e “necessária” entre os eleitores. “A cidade voltou a refletir sobre a questão Belinati. E isso foi importante, especialmente entre a juventude, que não tinha muita informação sobre o passado dele”, disse Micheleti, que está encerrando seu segundo mandato na prefeitura.

Durante a campanha eleitoral, os adversários de Belinati se abstiveram de discutir sua atuação nos seus três mandatos anteriores, observou. Como Belinati era o favorito na disputa desde o primeiro turno, os demais candidatos ficaram brigando entre si pelo segundo lugar e na campanha inteira, nenhum abordou as acusações e denúncias contra o deputado do PP, observou o atual prefeito.

“Ninguém falou sobre o que aconteceu com ele, que foi protagonista de um dos maiores escândalos do Estado. Então, ess,a aparente confusão que se estabeleceu por causa da indefinição tem um lado bom que é rediscutir a cidade e seus governantes. A juventude não sabia que o Belinati tinha sido cassado. A decisão da Justiça Eleitoral colocou essa informação no ar e a pergunta por quê?”, comentou.

Apoio

Se houver um novo segundo turno entre os deputados federais Luiz Carlos Hauly (PSDB) e Barbosa Neto (PDT), Micheleti acha que o PT deve retomar o debate sobre sua posição. No primeiro turno, o PT disputou a eleição com o deputado federal André Vargas. No segundo turno, o partido indicou apoio a Hauly. Micheleti declarou apoio “pessoal” ao tucano. Agora, a situação é um pouco diferente. Como Barbosa Neto pertence a um partido aliado ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a tendência seria discutir o apoio ao pedetista. Porém, Barbosa Neto apoiou Belinati no segundo turno e o deputado do PP já admitiu que irá retribuir a ajuda, em caso de nova eleição.

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