Com a fácil reeleição do governador Sérgio Cabral (PMDB) indicada pelas pesquisas durante toda da campanha, ficou para o Senado a disputa mais emocionante do Rio de Janeiro. Como apontaram as sondagens, o ex-prefeito de Nova Iguaçu, Lindbergh Farias (PT), chegou em primeiro lugar, com 28,6% dos votos válidos. Na reta final, o petista roubou a liderança do senador Marcelo Crivella (PRB), que foi reeleito com 22,5% numa disputa apertada com Jorge Picciani (PMDB), que teve 20,7% dos votos. Os dados refletem 96,63% das urnas apuradas.
A disputa entre os três candidatos governistas deixou para trás o ex-prefeito do Rio Cesar Maia (DEM). Ele chegou a figurar em segundo lugar nas sondagens durante boa parte da campanha, mas terminou em quarto lugar com 11,2% dos votos, seguido pelo ex-pagodeiro evangélico Waguinho (8,7%). Depois de governar a capital fluminense por três vezes, Maia não conseguiu fazer sucessor em 2008 e agora cristaliza seu ostracismo com uma derrota que fragiliza ainda mais o DEM no cenário nacional.
Um dos principais nomes da legenda, Maia disse que o DEM ficou enfraquecido nos últimos anos como coadjuvante do PSDB e defendeu candidatura própria à Presidência em 2014. “Precisamos de um candidato com o nosso número, defendendo nossas teses”, disse Maia, após votar na zona sul do Rio. Independente do resultado, ele disse que a disputa para o Senado lhe serviu como “um resgate de imagem”.
Senado
Enquanto a reeleição de Crivella, ex-bispo da Igreja Universal e sobrinho do líder Edir Macedo, era esperada, a de Lindbergh à frente dele eleva seu prestígio no PT do Rio e o torna uma opção para a sucessão de Cabral. Sem lideranças expressivas no Rio, o PT vinha se contentando como linha auxiliar e ocupante de cargos nos governos de Cabral e do prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB). Lindbergh ameaçou disputar o governo estadual contra Cabral para assumir o lugar da ex-governadora Benedita da Silva na chapa para o Senado.
Projetado em 1992 como presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), durante o movimento dos caras pintadas pelo impeachment de Fernando Collor, Lindbergh terá o ex-presidente como colega no Senado. O petista, que chegou a se exibir na TV beijando a mão do presidente Lula, promete ser um aliado fiel de Dilma Rousseff (PT) se ela for eleita.
Ao votar ao lado da mulher e dos filhos, em Nova Iguaçu, atribuiu sua arrancada ao apoio de Lula, Cabral e Paes. “Isso somou muito”, afirmou Lindbergh, acrescentando ainda que a campanha de rua, com militantes, também fortaleceu sua candidatura. “Fizemos um esforço no fim da campanha porque eu era o menos conhecido”.
Depois de votar com a mulher em Copacabana, Crivella cobrou ação dos colegas em Brasília para aprovar projetos até o fim do ano, como os relacionados ao pré-sal. “É preciso aproveitar este fim de ano e recuperar o tempo dos projetos em tramitação”, afirmou o senador, que agradeceu o apoio de Lula.