Com a presença ostensiva de 200 agentes da Polícia Federal nas ruas do Amapá, a votação no Estado foi tranquila e reprovou nas urnas o nome dos políticos envolvidos nas investigações da Operação Mãos Limpas, desencadeada pela Polícia Federal no dia 10 de setembro. O governador Pedro Paulo Dias (PP), que concorria à reeleição, e o ex-governador Waldez Góes (PDT), que disputava uma vaga no Senado, ambos presos na Operação Mãos Limpas, não conseguiram se eleger. Ambos ficaram em quarto lugar entre os mais votados.
A disputa para o governo foi apertada e, às 21 horas, com 94,97% dos votos apurados, confirmava o nome do candidato Lucas Barreto (PTB) em primeiro lugar, com 91.537 votos (28,95%), para disputar o segundo turno com Camilo Capiberibe (PSB). Ao longo de toda apuração, Capiberibe, que tinha 90.689 (28,68%) disputou o segundo lugar voto a voto com o ex-presidente da Assembleia Legislativa Jorge Amanajás (PSDB), com 89.153 (28,19%), único candidato com nome citado na Operação que teve chances reais de ser bem sucedido nas eleições.
As eleições no Amapá também foram marcadas pela ausência do senador José Sarney (PMDB-AP), que vota em Macapá, mas que permaneceu hospitalizado no Maranhão por causa de problemas de saúde. O presidente do Senado teve uma arritmia cardíaca e foi internado no Serviço de Cardiologia do UDI Hospital, em São Luís.
Senado
A eleição para o Senado no Amapá promete ainda causar muita polêmica. A principal surpresa do pleito é Randolfe Rodrigues (PSOL), que começou em junho como um azarão, com 5% das intenções de voto, acabou vencendo a disputa. Às 21 horas, com 94,97% dos votos apurados, ele tinha 194.895 votos (39,23%), seguido de Gilvam Borges (PMDB), com 114.176 votos (22,98%) e Waldez Góes (PDT), ex-governador preso durante a operação Mãos Limpas, com 101.568 votos (20,44%). “Minha candidatura já vinha crescendo antes da Operação, mas os escândalos acabaram servindo para impulsionar ainda mais meu nome”, diz Randolfe.
A votação de João Capiberibe (PSB), que teve o registro da candidatura cassado na sexta-feira pelo TSE, não foi divulgada pelo tribunal. Mas os levantamentos do Tribunal Regional Eleitoral do Amapá (TRE-AP) mostravam Capiberibe dividindo a liderança com Randolfe.
Para complicar a situação na disputa ao Senado, durante a tarde de hoje, o TRE-AP decidiu pela suspensão da candidatura do senador Gilvam Borges (PMDB). Isso porque, pouco antes de começar a eleição, o senador trocou os nomes da suplência em sua chapa. Renunciou à suplência Jeová Borges, irmão de Gilvam, e assumiu Geovani Borges, outro irmão do senador, que foi prefeito de Santana em 2002 e que teve as contas rejeitadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU).
A procuradoria eleitoral do Amapá decidiu que a candidatura de Geovani deveria ser impugnada, o que comprometeria toda a chapa. Nos próximos dez dias, o TRE-AP vai analisar a candidatura e tomar uma decisão a respeito. “Não fui condenado por dolo ou malversação de recursos. Minha candidatura é ficha limpa e tenho certeza que tudo será resolvido”, afirmou Geovani.