A suposição de que as investigações sobre o pedágio podem envolver mais do que o simples dever constitucional de fiscalizar as relações entre governo e iniciativa privada apareceu durante a sessão de ontem, durante a discussão da matéria em plenário. Autor do pedido de CPI negado pela Mesa Executiva, Cleiton Kielse (PMDB) sugeriu que a investigação anterior, de 2003, teria sido contaminada por “motivos financeiros”, já que o relatório concluiu que os contratos entre governo e empresas não apresentavam nenhuma irregularidade.
O presidente da Assembleia Legislativa, Valdir Rossoni (PSDB), rebateu o peemedebista, afirmando que todas as investigações sobre o assunto foram permeadas por “especulações”, incluindo a atual proposta de CPI. Ofendido com a discurso de Kielse, Rossoni disse que iria “devolver” as insinuações. “Nós precisamos preservar a imagem da Casa. Todas as CPIs feitas aqui foram objeto de especulações”, afirmou o tucano.
Ele reafirmou que rejeitou o pedido de Kielse devido a problemas técnicos, mas que a Comissão de Obras Públicas, Transportes e Comunicação receberá todo o apoio para fazer as investigações. “O assunto é importante, é pertinente e a Comissão de obras pode fazer a fiscalização devida”, afirmou.
Atrapalho
Relator da CPI de 2003, o líder do governo, Ademar Traiano (PSDB), disse que o peemedebista tem que provar o que disse. “O ônus da prova cabe a quem acusa. É uma irresponsabilidade o que ele está falando”, afirmou o deputado tucano. Traiano repetiu que está orientando a bancada a não referendar o novo pedido de CPI de Kielse para não atrapalhar o diálogo que está em curso entre concessionárias do pedágio e governo. De acordo com Traiano, o governo está buscando um acordo com as empresas para antecipar obras do cronograma.