A declaração do ex-governador Orlando Pessuti, divulgada ontem (29) no programa eleitoral do candidato Beto Richa (PSDB), pedindo para que os eleitores não votem em seu colega de partido e desafeto declarado Roberto Requião para governador, provocou a reação do diretório estadual do PMDB.
Em uma nota de repúdio divulgada hoje (30) e assinada pelo presidente estadual da legenda, Rodrigo Rocha Loures, os dirigentes do PMDB afirmam que Pessuti ocupou parte do programa do partido adversário “para atacar de forma irresponsável o candidato a governador Roberto Requião”.
A nota diz ainda que o ex-governador agiu de forma contrária ao estatuto e princípios do partido e que será aberto um processo ético disciplinar que pode resultar na expulsão de Pessuti do PMDB.
“Na condição de presente estadual do PMDB, vou notificar o conselho de ética do partido, que tem a prerrogativa de deliberar sobre o caso. A prova que apresentamos é a cópia do vídeo, que é irrefutável e pública. O próprio Pessuti gerou prova que depôs contra ele”, disse Loures.
O presidente do diretório disse também que ainda nesta semana convocará uma reunião do conselho, formado por cinco membros, para que delibere a conclusão do caso, o mais rápido possível, e deixou claro que se depender dele, o ex-governador será desfiliado do partido.
“Ele (Pessuti) poderia ter manifestado sua insatisfação procurando o diretório ou o próprio candidato Requião, mas ir ao programa eleitoral do partido adversário para atacar o candidato da legenda da qual ele próprio pertence é um gesto extremo”, disparou Loures.
Em resposta, o ex-governador disse que não vê como um desrespeito ao código de ética do partido o fato dele, enquanto cidadão, manifestar o seu apoio ao candidato Beto Richa.
“A coordenação da campanha do Beto me pediu para que eu fizesse um depoimento de manifestação de apoio e o fiz. Apenas manifestei meu desacordo com a candidatura do Requião e cumpri meu papel de cidadão”.
A respeito de uma possível representação contra si no conselho de ética, Pessuti disse que o estatuto do partido lhe assegura a defesa prévia e quando for chamado para prestar depoimento o fará.
“Eu espero que a reunião seja convocada dentro das regras e estou tranquilo com relação à decisão do conselho, pois não feri o que foi deliberado na convenção nacional do PMDB, que permitiu que o partido apoiasse, nos estados, candidatos que não estão alinhados com a candidatura nacional do partido, como na Bahia, em que o partido apoia Aécio e no Rio Grande do Sul, que o PMDB apoia Marina. Minha manifestação foi apenas contra o candidato Requião e como cidadão eu tenho esse direito”, finalizou Pessuti.