O diretor de Coordenação da Usina de Itaipu, Nelton Friedrich, classificou como “insensatez” a resolução da direção nacional do PDT que ordena aos filiados que entreguem os cargos que ocupam no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A decisão do diretório nacional foi aprovada na noite de anteontem, configurando o rompimento do PDT com o governo federal. Friedrich disse que vai aguardar os “desdobramentos” da reunião do diretório para decidir se cumpre a determinação do comando do partido. Conforme a resolução, quem desobedecer será suspenso ou expulso do partido.
Friedrich foi nomeado para o cargo no início do ano por indicação do presidente nacional do PDT, Leonel Brizola. O diretor da Itaipu considera a hipótese de deixar o partido, caso seja obrigado a se aliar à oposição ao governo. “Todas as possibilidades estão postas. Que façam o que acham que devem. Mas como brasileiro e cidadão, tenho o direito de querer continuar contribuindo e participando com um governo de mudanças. O momento é de cooperação. E o PDT tem muito mais razões históricas, políticas e ideológicas para contribuir com este governo. Não se trata apenas de um problema de cargos”, afirmou.
Na relação dos principais pedetistas que devem deixar o governo, além de Friedrich, estão o ministro das Comunicações, Miro Teixeira, o presidente da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, Ayrton Dipp, o presidente da Petroquisa, Vivaldo Barbosa.
Decisão de minoria
O diretor da Itaipu disse que a direção nacional está afastada da base partidária, que defendeu uma discussão ampla sobre a posição do partido em relação ao governo. “Lideranças expressivas do partido defendiam que essa discussão deveria ser feita no Congresso Nacional do PDT marcado para abril, quando haveria uma participação maior e a questão poderia ser amadurecida. A direção não acatou”, disse.
Para Friedrich, o PDT deveria continuar apoiando o presidente Lula mesmo tendo divergências sobre a condução do governo. “O momento é de ajudar a construir e isso pode ser feito, independente de o PDT concordar com este ou aquele ponto. As divergências podem ser debatidas. O fato é que deputados e senadores e outras lideranças têm apoiado o governo e a direção preferiu não ouvir a maioria”, criticou.