A executiva estadual do PSDB aprovou ontem uma resolução determinando que os seus filiados façam oposição ao governador Roberto Requião (PMDB). Embora seja extensiva a todos os filiados tucanos, o alvo da resolução assinada pelos deputados Valdir Rossoni, presidente estadual do partido, e Luiz Carlos Hauly, secretário-geral, são os quatro deputados estaduais que integram o bloco governista na Assembléia Legislativa e o secretário estadual do Trabalho e Ação Social, Nelson Garcia.
A executiva irá encaminhar os desobedientes para a Comissão de Ética, que consumará o processo de desfiliação. No caso dos diretórios municipais, a pena prevista para aqueles que não cumprirem a regra é a intervenção. O documento foi aprovado por onze votos favoráveis, um contra e uma abstenção. Por não pertencerem à executiva, o senador Alvaro Dias e o prefeito de Curitiba, Beto Richa, não votaram, mas manifestaram suas posições. Alvaro foi contra o enquadramento dos filiados, justificando que o momento não seria oportuno para a tomada de decisão. Beto defendeu a adoção da norma, declarando que o PSDB precisa ter um rumo definido. O único voto contrário foi do deputado estadual Francisco Buhrer.
O líder da bancada, Luiz Nishimori, disse que não há amparo legal para a aplicação da decisão. Nishimori disse que a resolução tem a força de uma simples recomendação e argumentou que uma reunião da executiva não seria a instância adequada para aprovar uma decisão deste alcance. Para o deputado, a posição do partido em relação ao governo do Estado somente poderia ser tomada em convenção, previamente convocada por edital com este objetivo. ?Quem vota na Assembléia Legislativa é deputado estadual. Não é deputado federal. Durante quatro anos, a bancada votou desta forma e com ética. Não tem como mudar isso de um dia para outro. É preciso uma ampla discussão?, afirmou o líder da bancada, que se absteve de votar. Nishimori justificou que foi a forma que encontrou para não reconhecer a validade da decisão.
Miopia
Para Rossoni, o líder da bancada não entendeu o teor da decisão. ?Ele está com dificuldade de leitura e interpretação. A reunião foi convocada em tempo normal, com pauta aberta. Está amparada no estatuto do partido. Ele (Nishimori) precisa dar uma olhada no estatuto. Ele veria também que o líder da bancada é escolhido pela executiva?, provocou o presidente estadual do PSDB.
A provável saída de alguns deputados do partido, se a executiva aplicar a resolução, não assusta à direção estadual, garantiu Rossoni. ?O PSDB abre mão de tudo, mas não da sua postura. Não é mais possível continuar com essa dubiedade de posições?, afirmou o dirigente tucano, que também é o líder da bancada de oposição na Assembléia Legislativa.
Sobre o secretário do Trabalho, Rossoni disse que Garcia será comunicado oficialmente sobre a decisão da executiva. ?A resolução é clara. Nenhum membro do PSDB está autorizado a participar do governo?, afirmou.
Rossoni admitiu que não há prazos para que a executiva passe a cobrar a nova posição dos deputados. ?Não é em uma semana que vamos fazer isso. E não vai ser por uma votação. Há determinados momentos que até eu mesmo voto com o governo?, disse.
Além de Rossoni e Hauly, também reforçaram a decisão para fazer oposição ao governo os deputados federais Gustavo Fruet e Affonso Camargo. O ex-presidente da Assembléia Legislativa Hermas Brandão, que ocupava a vice-presidência do partido, foi substituído pelo chefe de gabinete do prefeito, Ezequias Moreira.