Quatro anos após ter sua cúpula dizimada pelo escândalo do mensalão, o antigo Campo Majoritário do PT deve se reerguer na eleição de hoje, que renovará o comando do partido em todo o País, com voto dos filiados. O controle da máquina é estratégico porque o novo presidente do partido conduzirá a primeira campanha petista ao Palácio do Planalto sem o nome de Luiz Inácio Lula da Silva na cédula, em 2010. Além disso, terá a difícil tarefa de montar palanques estaduais com o PMDB para impulsionar a candidatura da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, à sucessão de Lula.

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O ex-senador José Eduardo Dutra é o favorito na disputa pela cadeira de presidente do PT, hoje com o deputado Ricardo Berzoini (SP). Integrante da corrente Construindo um Novo Brasil (CNB), como foi rebatizado o Campo Majoritário, Dutra pode ganhar o embate no primeiro turno, com 55% dos votos. A chapa liderada por ele – que tem o apoio de Lula e Dilma – traz de volta o ex-chefe da Casa Civil José Dirceu, cassado pela Câmara na crise do mensalão, em 2005, e deputados que foram citados no escândalo.

“Não há qualquer constrangimento”, afirmou Dutra, geólogo que já comandou a Petrobras e a BR Distribuidora. “Dirceu ainda está sendo julgado pelo Supremo Tribunal Federal e é um militante importante da história do PT e da esquerda brasileira”. Com a vitória de Dutra, Dirceu retomará o assento no Diretório Nacional.

Ex-presidente do PT e coordenador da campanha de Lula em 2002, ele já trabalha nos bastidores para Dilma. Encontra com frequência governadores e chama dirigentes de partidos aliados para conversas reservadas. Sua principal missão é apaziguar confrontos entre o partido e o PMDB nos Estados.

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Além de Dutra, concorrem à presidência da legenda os deputados José Eduardo Martins Cardozo (Mensagem ao Partido), Geraldo Magela (Movimento PT), Iriny Lopes (Articulação de Esquerda) e os militantes Markus Sokol (O Trabalho) e Serge Goulart (Esquerda Marxista). Pelos cálculos da Secretaria de Organização do PT, 1,350 milhão de filiados estão aptos a votar no processo de eleição direta, chamado de PED.

A eleição será hoje, com segundo turno marcado para 6 de dezembro, mas os vencedores só tomarão posse em 10 de fevereiro, na festa de aniversário de 30 anos do PT. Em fevereiro também o partido homologará a candidatura de Dilma e apresentará a plataforma de governo.

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