A sindicância do Ministério das Relações Exteriores que apura a participação do diplomata Eduardo Sabóia na fuga do senador boliviano Roger Pinto Molina para o Brasil está na reta final. Sabóia será ouvido no processo na próxima terça-feira, 18. Após o depoimento, o colegiado tem dez dias para decidir se instaura processo administrativo contra ele – o que pode resultar em sua demissão do serviço público – ou se encerra o caso sem punição mais severa.
Sabóia planejou e acompanhou a fuga do senador Pinto Molina para o Brasil em agosto de 2013, após o senador completar 15 meses morando na embaixada brasileira em La Paz no aguardo de uma deliberação do governo brasileiro a respeito do seu pedido de refúgio no País. Os dois viajaram num carro diplomático para o Brasil mesmo sem o salvo-conduto do governo da Bolívia. A fuga gerou uma crise no governo, culminou com a demissão do ministro Antonio Patriota pela presidente Dilma Rousseff e a abertura de sindicância contra Saboia.
A defesa anexou ao processo, que tramita em sigilo, cópia das comunicações entre o Itamaraty e o Palácio do Planalto nos 455 dias em que Pinto Molina esteve asilado na embaixada do Brasil em La Paz. Os documentos comprovariam que não houve esforços do governo brasileiro para resolver o problema levando o caso a uma situação limite que justificaria a fuga. Sabóia justifica que Pinto Molina ameaçava se matar caso continuasse vivendo num quarto da embaixada. “Acho que teme elementos para encerrar o processo, mas não sabemos o que vai ocorrer”, afirmou o ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Ophir Cavalcante advogado de Sabóia.