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Túlio admite patrocínio. |
Vereadores que atuam como radialistas admitiram que parte da verba de publicidade da Câmara de Curitiba nos últimos cinco anos, foi destinada a veículos de comunicação dos parlamentares. Notas fiscais obtidas com exclusividade pela reportagem da RPC TV e Gazeta do Povo, mostram que o vereador Algaci Túlio (PMDB) e o ex-vereador Luís Ernesto (PSDB) tiveram seus programas de rádio patrocinados com este dinheiro. O fato é admitido pelos próprios parlamentares. “A verdade é que existia verba para os vereadores que têm meio de comunicação pra publicitar a Câmara”, disse Algaci Túlio. O fato se repetiu com outros três pares da Casa: o vereador e atual líder do prefeito, Roberto Hinça (PSDB), o ex-vereador e secretário estadual Mario Celso Cunha (PSDB) e o ex-vereador Valdenir Dias (PMN) tiveram em seus gabinetes funcionários que assinam recibos de serviços publicitários prestados à Câmara.
Em alguns casos, os valores são elevados. No caso do ex-vereador Luís Ernesto foram contados R$ 56 mil de verba de propaganda da Câmara à empresa Nave Locação e Publicidade, que tem como sócia a mulher do ex-vereador, Ieda Maria Alves Pereira. O repasse foi feito através da agência Visão Publicidade. Parte desse valor foi destinado ao programa de Luis Ernesto, ainda no período em que era vereador, como mostram notas a que a reportagem teve acesso. Ele continuou como divulgador remunerado do Legislativo depois de mandato, no fim de 2008.
Ilegal
Mas não para por aí. Documentos mostram pagamentos mensais à Nave Locação e Publicidade de R$ 8 mil de janeiro a março de 2007 e de julho a outubro de 2009. O curioso é que nesses períodos, Ieda consta como funcionária da Câmara o que seria poderoso impeditivo legal que veda a prestação de serviços privados ao Legislativo, conforme reza a Lei de Licitações.
Mais vereadores envolvidos
O vereador Mario Celso Cunha, atual secretário da Copa, usou do mesmo expediente. Sua funcionária Natacha Kosiski que atuava em seu gabinete é sócia de empresa que recebeu recursos da Câmara. No total a N Kosiski emitiu ao menos cinco notas fiscais de serviços prestados de divulgação entre outubro de 2008 e 2009 quando a sócia estava empregada no Legislativo. Foram R$ 38 mil por inserções em radio e TV.
O jornal da Federação das Associações de Moradores de Curitiba e Região Metropolitana (Femoclam) voltou a aparecer em direcionamento de verba publicitária da Câmara. Ontem, a série de reportagens apontou que o vereador Francisco Garcez (PSDB) recebeu recursos para o jornal a que estava vinculado até setembro de 2011. Desta vez é uma funcionária do gabinete de Valdenir Dias que teria sido beneficiária de verba para o jornal da Femoclam. Maria Eliana de Lima é sócia da Editora Femoclan, que recebeu R$ 39,5 mil de 2007 a 2009. Naquela época, lotada no gabinete do então vereador Valdenir Dias, consta que foi funcionária de janeiro de 2006 a abril de 2008, quando o político teve o mandato cassado por abuso econômico na eleição.