A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, detalhou, em alegações finais, os “ciclos de lavagem de dinheiro” relacionados ao bunker dos R$ 51 milhões atribuído aos irmãos Lúcio Vieira Lima (MDB), Geddel Vieira Lima (MDB) e a matriarca Marluce Vieira Lima.
No documento, o derradeiro da Procuradoria na ação penal, a chefe do Ministério Público Federal pede a condenação do ex-ministro dos governos Lula e Temer a 80 anos de prisão, e ainda requer 48 anos e 6 meses para Lúcio.
A procuradora afirma que Marluce, Geddel e Lúcio se utilizaram de estratagemas para dar origem lícita ao maior montante de dinheiro aprendido na história da Polícia Federal. Raquel sustenta que os R$ 51 milhões são decorrentes de crimes de corrupção investigados nas operações Lava Jato e Cui Bono? e de peculato, envolvendo supostos desvios de salários de parlamentares.
Segundo a procuradora-geral, “a instrução judicial confirmou” que os aportes ilícitos, escamoteados sob o manto de contratos formais de cotas de participação, foram investidos na economia formal e geraram o desejado retorno da riqueza (lucro) aos lavadores, na forma de dividendos”.
“Portanto, dinheiro de origem ilícita ficou limpo”, afirmou.
Geddel, preso desde o dia 8 de setembro de 2017, Lúcio, Luiz Fernando, e a mãe dos emedebistas, Marluce Vieira Lima, foram denunciados em dezembro de 2017, três meses após a deflagração da Operação Tesouro Perdido, que apreendeu, em 5 de setembro daquele ano, os R$ 51 milhões em dinheiro vivo – R$ 42,6 milhões e US$ 2,6 milhões – em um apartamento em Salvador, que fica a pouco mais de um quilômetro da casa da matriarca. No dinheiro, foram encontradas digitais de Geddel.
Segundo a procuradora, “entre 2011 e 2016, em Salvador, alguns dos atos de lavagem de dinheiro também envolveram Luiz Fernando Machado, empresário e administrador da Cosbat – Construção e Engenharia”, que é empresa de construção civil baiana, fundada em 1996, especializada em empreendimentos imobiliários de alto luxo em Salvador/BA”.
“Junto com a família Vieira Lima, Luiz Fernando Machado Costa Silva utilizou valores provenientes de infrações penais e lavou dinheiro sujo na aquisição de unidades imobiliárias por empresas de Geddel Quadros Vieira Lima, Marluce Vieira Lima e de Lúcio Quadros Vieira Lima, por solicitação deles”, sustenta.
A procuradora-geral narra que as “elevadas somas em dinheiro começaram a ser recebidas em parcelas por Lúcio, Geddel e Marluce a partir de 2010, em Salvador (BA)”. “Desde então, foram mantidas em depósito e ocultadas até janeiro de 2016 num closet do apartamento n° 1201 da Rua Plínio Moscoso, n° 64, Bairro Chame-Chame, em Salvador/BA, onde reside Marluce”.
Raquel Dodge detalha que, a partir de janeiro de 2016, os emedebistas e Marluce determinaram a transferência dos R$ 51 milhões a um “imóvel emprestado por um amigo de Lúcio, a seu pedido, a pretexto de guardar pertences do falecido pai”.
“Semanas após, Geddel, Lúcio e Marluce determinaram uma nova transferência deste dinheiro para o apartamento vizinho, de número 201, mantendo lá o depósito oculto e dissimulado desta elevadíssima soma de dinheiro, permanentemente, até 5 de setembro de 2017, ocasião em que a Polícia Federal, por ordem do Juízo da 10.ª Vara Federal da Seção Judiciária do Distrito Federal, fez busca no local e apreendeu o numerário”, afirma.
Defesa
A reportagem entrou em contato com a defesa dos citados. O espaço está aberto para manifestação.