A candidata do PT à presidência da República, Dilma Rousseff, esteve ontem em Curitiba e Pinhais, região metropolitana da capital paranaense, para tentar diminuir a desvantagem de 300 mil votos que teve para José Serra (PSDB) no Paraná no primeiro turno.
Dilma participou de uma “caminhada” com centenas de militantes, pelo calçadão da Rua XV de Novembro (ainda se recuperando de uma contusão no pé, Dilma percorreu o trecho em cima de um jipe) e fez uma carreata pelo centro de Pinhais.
Apesar dos incidentes: três bexigas cheias de água e uma bandeira foram atiradas contra a candidata, Dilma ficou mais próxima dos eleitores que nas outras quatro vezes em que veio ao Paraná em campanha: dois comícios e uma reunião com prefeitos em Curitiba e um comício em Foz do Iguaçu, durante o primeiro turno.
Se nas outras ocasiões o público só pôde ver a candidata de cima de um palanque, nesta quinta-feira, Dilma cumprimentou, abraçou, deu autógrafos e se deixou fotografar ao lado de eleitores.
Na primeira vez que visita o Paraná sem o presidente Lula, Dilma tentou demonstrar o mesmo carisma de seu principal apoiador. Em um rápido pronunciamento, a candidata disse que está comprometida com o desenvolvimento do Paraná e pediu a militância na rua para que o PT consiga reverter a vantagem do PSDB no Estado.
“O que está em jogo são dois projetos de Brasil. Um que quer continuar a avançar, e outro que quer voltar ao que era antes. Tenho certeza que, no dia 31, Curitiba e o Paraná vão optar por continuar avançando”, declarou.
Em Curitiba, Dilma recebeu das mãos da diretora do Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes da Universidade Federal do Paraná, professora Maria Tarcisa, um manifesto de apoio dos juristas, artistas e professores da UFPR. Outro manifesto de cristãos – católicos e evangélicos – foi entregue à candidata, assinado por bispos, padres e pastores do Paraná.
Incidentes
Após o incidente de quarta-feira, quando, em uma briga entre militantes de PT e PSDB, no Rio de Janeiro, o candidato José Serra acabou atingido por uma rodela de papelão, Dilma foi alvo de atos de hostilidade ontem.
Com maioria de eleitores de Serra (o tucano venceu o primeiro turno com 44% dos votos, contra 26% da petista), Dilma ouviu vaias, xingamentos e protestos em alguns momentos da caminhada pelo centro de Curitiba.
Mas o ato mais grave foi o arremesso de três bexigas cheias d’água do alto de um prédio comercial em direção à candidata. Por pouco, Dilma não foi atingida. Uma das bexigas estourou no capô do jipe.
Já em Pinhais, uma bandeira de plástico foi lançada contra a caminhonete em que desfilava a comitiva da candidata, que foi acompanhada pelos senadores eleitos Gleisi Hoffmann (PT) e Roberto Requião (PMDB) e pelo ex-candidato do PDT ao governo do Paraná, senador Osmar Dias.
Ofensiva tucana no Estado mudou os planos do PT
A vinda de Dilma ao Paraná não estava prevista para esse segundo turno. O PT pretendia concentrar a campanha nos estados em que Dilma venceu o primeiro turno e nos três principais colégios eleitorais do país: São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, deixando em segundo plano o Paraná, onde, historicamente, o PT não faz grandes votações.
A ofensiva tucana no Estado fez o PT mudar de estratégia para tentar conter o avanço de Serra. Com Beto Richa (PSDB) eleito governador no primeiro turno, a campanha tucana aposta no fator Beto para tentar ampliar a vantagem de 300 mil votos conquistada por Serra no primeiro turno.
Com Beto diretamente envolvido na campanha do presidenciável, tucanos falam em uma vantagem de 1,5 milhão de votos. “É natural que o governador eleito tente transferir votos para seu candidato á presi,dência. Ele está fazendo a parte dele, mas nós também estamos trabalhando. Nem o presidente Lula conseguiu votação expressiva aqui. Sabemos que é muito difícil vencer, mas se reduzirmos a diferença, já estará de bom tamanho”, disse o governador Orlando Pessuti (PMDB), coordenador da campanha de Dilma no Estado.