Figura de destaque na festa preparada pelo governo para anunciar a queda de 45% no desmatamento na Amazônia, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, disse que o porcentual foi obtido pelo modelo de desenvolvimento sustentável adotado, que não se limitou apenas à repressão. Em discurso de 15 minutos, Dilma tentou dar uma marca pessoal à política ambiental do governo e ofuscar o papel que a ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva teve na área, no primeiro mandato do presidente Lula.

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“Não podia ter só uma proposta de coerção, reprimindo o desmatamento”, disse a ministra que, na condição de gerente das obras de infraestrutura do governo, teve divergências com Marina Silva. “Era também necessário garantir que o arco fosse considerado um arco verde, com uma exploração sustentável”, disse, referindo-se a uma grande área que engloba 43 municípios do Pará, Mato Grosso e Rondônia, uma região que historicamente apresenta elevados índices de desmatamento.

A ministra, em nenhum momento de seu discurso, citou o problema do apagão, ocorrido na noite de terça-feira, e nem entrou em temas polêmicos, como obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) na região amazônica. A ministra optou por falar de ações de registro civil, legalização de terras e curso de capacitação ao invés de falar de grandes obras de usinas hidrelétricas e melhorias de estradas.

Ao longo do discurso, no entanto, a ministra não abriu mão de planilhas e números, fazendo uma explanação técnica, que contraria recomendações dos marqueteiros que trabalham a sua imagem para a disputa presidencial de 2010.

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A ministra até mesmo repetiu uma série de dados que já tinham sido apresentados pelo diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Gilberto Câmara, como a estimativa de queda do desmatamento de 12 mil quilômetros quadrados em 2007/2008 para sete mil quilômetros quadrados em 2008/2009.

Dilma encerrou seu discurso afirmando que o Brasil tem muito a apresentar, na Conferência das Mudanças Climáticas em Copenhague. “O País vem fazendo o seu dever de casa e temos o objetivo de chegar a uma redução de 80% no desmatamento”, disse.

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Irritação

O evento começou com certo mal estar. O diretor do Inpe, Gilberto Câmara, não conseguia apresentar no telão os números do desmatamento. Lula se levantou para reclamar do problema técnico, que só foi solucionado 15 minutos depois.

Lula chegou até mesmo a ironizar ao ver o monitor sem os dados: “Parece um campo de soja, Maggi”, disse ao governador de Mato Grosso. Depois, ao olhar para o telão e ver apenas os ministros e governadores presentes, ele disse: “Todos muito feios”.

O presidente, que quer uma agenda mais positiva, ainda continua irritado com técnicos e assessores da área de energia elétrica por causa do blecaute ocorrido na noite de anteontem, segundo assessores.

Prestigiam o evento, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), os governadores de Mato Grosso, Blairo Maggi, que sempre foi alvo de críticas de grupos ambientalistas; do Amazonas, Eduardo Braga; do Pará, Ana Júlia Carepa; e de Rondônia, Ivo Cassol; além dos ministros da Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende; de Relações Institucionais, Alexandre Padilha; e do Meio Ambiente, Carlos Minc.