O governador Roberto Requião (PMDB) disse ontem que a ministra da Casa Civil e pré-candidata do PT à presidência da República, Dilma Rousseff (PT), terá dois palanques no Paraná. Um encabeçado pelo senador Osmar Dias, pré-candidato ao governo pelo PDT, e outro, do PMDB, que terá como candidato o vice-governador Orlando Pessuti. “Se não for assim, eles estarão sacrificando a Dilma. Não acho que farão isso”, disse Requião a O Estado do Paraná, durante a reunião de inauguração da sede do PMDB de Curitiba, que fica ao lado da sede estadual, na rua Vicente Machado.
Ao mesmo tempo, o governador desqualificou a atuação de setores do PMDB que tentam levar o partido para a coligação em torno da pré-candidatura do prefeito de Curitiba, Beto Richa (PSDB) ao governo. “Eles estão enganando o Beto Richa. Eles foram escalados para enganar o Beto Richa”, disse o governador, que convocou o partido em Curitiba a arregaçar as mangas em favor da candidatura do partido. “O PMDB é um bloco monolítico a favor da transformação. Não há defecções no partido”, frisou. A tese da coligação com o PSDB aparenta ter perdido força no partido depois das denúncias que atingiram a gestão da Assembleia Legislativa. Os principais defensores da aliança com os tucanos, os deputados Alexandre Curi e Luiz Claudio Romanelli, tiveram suas posições enfraquecidas depois do escândalo da Assembleia Legislativa. Curi, 1.º secretário da Mesa Executiva, estava cotado para ser o candidato a vice-governador na chapa de Beto Richa.
Fator surpresa
A quatro dias de tomar posse no governo, Pessuti é apontado como a grande esperança do PMDB de escapar ao destino de coadjuvantes do PSDB e do PT nas eleições deste ano. O deputado federal Marcelo Almeida, encarregado de organizar o partido em Curitiba para as eleições, disse que os ventos estão favoráveis a Pessuti no partido e junto ao eleitorado. “Está lacrado. Acabou. Não tem coligação com ninguém. Nós vamos trabalhar para eleger o Pessuti para o governo e o Requião para o Senado. As coisas estão melhorando para o Pessuti”, disse o deputado. Uma das estratégias para alavancar o vice-governador em Curitiba é colar as campanhas ao governo à candidatura de Requião ao Senado.
Requião disse estar certo de que Pessuti tem todas as chances de surpreender aqueles que estão achando que o PMDB está fora do jogo. Segundo ele, o senador Osmar Dias, mesmo sob o manto do presidente Lula e do PT, corre o risco de ficar isolado. Já o prefeito Beto Richa não conseguirá expandir suas fronteiras eleitorais para além de Curitiba, avaliou. “O PT não vai fazer campanha com o Osmar. Eles não gostam dele. E o Beto Richa é só Curitiba. O Pessuti vai para o segundo turno”, previu. O presidente municipal do PMDB, Doático Santos, disse que a agenda de Requião durante a campanha irá se concentrar na capital. “É aqui que vamos criar uma perspectiva eleitoral bem diversa, a diferença”, disse.