A candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, disse que, se eleita, defenderá a reforma agrária “não porque o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) quer, e sim porque o Brasil precisa”. A declaração ocorreu ao receber, em evento público, o apoio da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag). “Não tratamos os movimentos sociais a base de bordoada ou fingindo que os escutamos. Tratamos movimentos sociais com respeito”, disse a candidata.

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No entanto, Dilma evitou comentar pontos polêmicos tratados no documento entregue pela Contag a ela como sugestões de plataforma de governo. No texto, de 12 páginas, a confederação pede, entre outras coisas, a revisão dos índices de produtividade e a revogação de medidas aprovadas pelo governo Fernando Henrique Cardoso, que criminalizam a luta pela terra e suas organizações.

Essas sugestões estavam incluídas na primeira versão do plano de governo registrado pelo PT na Justiça Eleitoral, e que depois das primeiras reações contrárias, por conter propostas polêmicas, foi retirado, sob a alegação de que era o documento errado. A Contag pede, agora, a recolocação das propostas na versão definitiva do projeto de governo dela. Na saída do evento, apesar da previsão da assessoria de que daria entrevista, Dilma foi embora sem atender a imprensa.

A petista também sugeriu que o adversário dela na campanha, José Serra (PSDB), pretende, se conquistar a presidência, acabar com o ministério do Desenvolvimento Agrário. “Tem gente, meu adversário por exemplo, propondo acabar com o ministério do Desenvolvimento Agrário. É um absurdo”, disse Dilma, para completar que, graças ao trabalho da pasta, o Brasil se tornou uma potência agrícola.

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Ao subir ao palco, Dilma vestiu rapidamente o boné da Contag. Durante o discurso, foi recebida com aplausos ao anunciar a inclusão de dois milhões de agricultores familiares no Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). Ao final, Dilma também ressaltou os feitos no governo Lula para o setor. Ela apontou, por exemplo, que na história do Brasil foram assentadas um milhão de família, das quais 59% pelo governo do PT. “Vamos continuar fazendo a reforma agrária não porque o MST quer, mas porque é muito bom para o Brasil”.

Militância

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O ministro de Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, compareceu hoje ao ato público de apoio à campanha de Dilma Rousseff. No entanto, logo no início do discurso, ele informou que estava presente porque era seu horário de almoço. “Estou em meu horário de almoço e, agora, horário de almoço é horário de militância”, disse.

Segundo cartilha da Advocacia-Geral da União (AGU), os ministros e o presidente da República podem participar de evento de campanha apenas fora do horário de trabalho. Cassel chegou ao evento por volta das 12h05 e foi embora por volta das 14h10.

Durante o breve discurso, no qual chamou Dilma de “futura presidente da República”, Cassel elogiou a gestão do governo Lula do setor da agricultura e alfinetou o ex-presidente Fernando Henrique, do PSDB.

“Queremos comparar o nosso governo com governo deles – o passado e o presente. O descaso deles com agricultura e com a reforma agrária com o nosso conjunto de medidas. Antes de 2003, os agricultores eram condenados a invisibilidade não se acreditava que agricultores fossem capaz de produzir e produzir com qualidade”, afirmou.