A presidente Dilma Rousseff anunciou ontem (15) a liberação do saque do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) para as vítimas da cheia do rio Madeira, na região Norte. Dilma sobrevoou regiões alagadas de Rondônia e depois seguiu para o Acre.

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O saque poderá ser realizado a partir da próxima quarta-feira (19). Em Porto Velho, a presidente anunciou também a prorrogação por mais três meses do seguro-defeso pago aos pescadores durante o período de reprodução de peixes. “As pessoas que estão em situação de calamidade devido aos desastres naturais podem sacar o seu FGTS”, anunciou. “O seguro-defeso cai como uma luva para os ribeirinhos”, disse.

Rondônia e Acre sofrem com o aumento do volume de águas do Madeira. O rio atingiu hoje 19,12 metros acima do nível ideal, segundo a Agência Nacional de Águas (ANA). A Defesa Civil de Rondônia calcula em 2.478 o número de famílias desabrigadas em Porto Velho.

De acordo com Dilma, que citou o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) como fonte, a cheia ocorre por causa de chuvas na Bolívia. “Houve, de dezembro a fevereiro, um fenômeno em cima da Bolívia, entre a parte sul e norte, ocorrendo uma imensa concentração de chuvas. Temos dados de 30 anos e nunca houve nenhuma situação como essa em termos de precipitação pluviométrica num só lugar”, disse.

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Dilma negou que o aumento das águas tenha sido causado pelos reservatórios das usinas de Jirau e Santo Antônio, hidrelétricas em construção no Rio Madeira. “É um absurdo atribuir às duas hidrelétricas do Rio Madeira a quantidade de água que veio”, afirmou.

A importância do rio para o escoamento da produção de soja do Centro-Oeste foi destacada pela presidente. “O Madeira é um problema hoje, mas é uma solução total para o Brasil. É por esse rio que sai a maior safra de grãos desse País. É por esse rio que a gente sabe que tem o melhor transporte, melhor que estada e ferrovia”, disse.

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Crise política

Questionada se a vista aérea do Madeira mostrava um rio menos turbulento que a base aliada no Congresso, onde o PMDB se rebelou conta o governo, a presidente riu e afirmou que os problemas dela eram menores do que o das pessoas atingidas pela cheia.

“Os meus problemas são um passo muito pequeno (em comparação à cheia), porque é a gente (aqui) diante da natureza e da força dela. E mesmo assim a gente teima, teima e tem de enfrentar”, comentou.