A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), deve se afastar do governo em fevereiro para cuidar da campanha da sucessão presidencial, cerca de um mês antes do limite determinado em lei.
Quem antecipou a decisão foi o presidente nacional do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), que revelou que o afastamento ocorrerá no encerramento do Congresso Nacional do PT, em fevereiro do ano que vem.
“Homologada como candidata no último dia do congresso do PT, ela deve se afastar”, contou o parlamentar. O evento, realizado entre os dias 18 e 21 de fevereiro em Brasília, vai formalizar a candidatura de Dilma à presidência da República. A política de alianças e a discussão do programa de governo também serão foco do encontro.
Dilma é peça-chave nas atividades do Executivo. É ela quem coordena o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o marco regulatório do pré-sal e o projeto social Minha Casa Minha Vida.
Na avaliação de aliados, ela precisa dedicar-se às articulações eleitorais e apresentar-se oficialmente como candidata antes do início de abril, data para a desincompatibilização, seis meses antes da eleição, marcada para 3 de outubro.
A ministra está seguindo à risca o conselho de assumir um papel mais político junto a partidos. Passou a conversar pessoalmente com legendas da base e tornou-se mais protagonista de sua própria campanha.
“Nossa decisão é que ela, de fato, assuma essa interlocução pessoalmente”, acrescentou Berzoini. A disposição de emergir rendeu resultados. Em um ato inédito, Dilma ofereceu um jantar em sua residência em Brasília à cúpula do PDT na última terça-feira.
O objetivo é atrair a legenda à sua coligação. No encontro, teria se queixado do carimbo de gerente do governo, argumentando que o adjetivo muitas vezes embute a noção pejorativa de que não tem habilidade para tratar de política.
Dilma Rousseff já teve encontros com a cúpula de outros partidos, como a do PSC, e inclusive com a do PMDB, crucial para suas expectativas em 2010. Em uma ou duas semanas, o PMDB deve oficializar a intenção de seguir junto com o PT ano que vem, o que lhe renderia a vaga de vice na chapa nacional. Nos próximos dias, ela deve reunir-se com o PCdoB.
A liderança de Dilma na articulação política e a aglutinação dos partidos da base de apoio ao governo Lula são vistos pelo PT como fundamentais para a construção da candidatura da ministra, que não teve boa performance nas recentes pesquisas de intenção de votos, já tendo, inclusive, o segundo lugar ameaçado pelo deputado Ciro Gomes (PSB-CE), também pré-candidato à sucessão e integrante da base de apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A garantia de apoios como do PMDB e PDT são estratégicos para transformar Dilma na única candidata do grupo que hoje governa o país.