A presidente Dilma Rousseff disse que não está isolada politicamente. “Não acho que estamos no isolamento político, acho que tem muita volatilidade nas avaliações políticas e isso contamina o ambiente”, disse em entrevista ao SBT.
Sobre a polêmica fala de seu vice, Michel Temer, de que seria preciso “alguém para reunificar o País”, Dilma negou veementemente que tenha sido algum tipo de ameaça velada ao seu governo. “De maneira alguma vejo assim. Quero dizer que muito pelo contrário, o vice-presidente, antes dessa declaração, falou comigo. Ele estava extremamente emocionado diante do fato impossível que foi aquela votação. Ele estava se referindo à reunificação da base.”
Na véspera da declaração de Temer, em 5 de agosto, o governo não conseguiu barrar o reajuste salarial aos servidores da Advocacia-Geral da União (AGU) na Câmara nem conseguiu evitar o alijamento do PT de CPIs como a do BNDES e a dos Fundos de Pensão.
“Não há intriga entre eu e o Temer, não acredito nesse tipo de especulação. A contribuição do vice-presidente ao meu governo tem sido sistemática”, completou Dilma.
Sobre impeachment e as condições do governo de barrar um eventual processo para afastá-la no Congresso, Dilma disse que não comentaria. “Quando ocorrer e se ocorrer (a abertura do processo de impeachment), a gente conversa.”
A presidente também se esquivou da pergunta sobre a reforma ministerial, que deve fazer em breve com provável redução das 39 pastas. “Não vou adiantar medidas que ainda não estão prontas e não foram profundamente discutidas”, disse, admitindo no entanto que mudanças estão “no radar” do governo.
Grau de investimento
Dilma Rousseff disse não acreditar que o Brasil vá perder o grau de investimento, considerado um selo de bom pagador dos países dado pelas agências de classificação de risco. E afirmou que as agências têm mostrado “grande empenho na questão da governabilidade da política”, demonstrando terem a avaliação de que a economia brasileira tem um “roteiro de saída”.
Ontem a Moody’s rebaixou a nota do Brasil, mas manteve no patamar de grau de investimento. Apesar do rebaixamento na classificação de risco, a agência revisou a perspectiva de negativa para estável, o que foi visto como um alívio para o governo brasileiro, que ganhou tempo antes de uma eventual perda do grau de investimento.
Ainda falando de economia, a presidente reforçou sua avaliação de que o Brasil tem condições de retomar o crescimento a partir do fim do ano ou a partir de 2016.
Dilma também comentou a Agenda Brasil, conjunto de propostas organizado pelo presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL). A presidente chamou a agenda de “valorosa” e de “grande iniciativa do presidente Renan”, ressalvando que há pontos que o governo não concorda, mas que isso não tira a importância das propostas. “A grande vantagem dessa agenda é que ela coloca a necessidade de uma pauta que seja construtiva para o País”
Mensalão e Lava Jato
Dilma se esquivou de dar um posicionamento sobre as grandes investigações de corrupção durante o seu governo e do seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva. Ela repetiu a argumentação de que não pode julgar ou criminalizar, enquanto presidente da República.
A presidente disse defender a independência do Ministério Público – citando a indicação de Rodrigo Janot para recondução ao cargo de Procurador-Geral da República – e a autonomia da Polícia Federal. E disse que, igualmente, precisa defender o “direito da defesa” de quem é investigado. “Sou a favor que se investigue e que se puna todos os crimes e malfeitos previstos em lei, respeito esse arcabouço”, completou.