Por iniciativa da presidente Dilma Rousseff, a crise na Petrobras e as investigações de corrupção no Brasil fizeram parte das conversas que ela teve com representantes de grandes empresas americanas nesta segunda-feira, 29, em Nova York. Nos pronunciamentos que realizou durante os encontros, ela disse que o governo adotou medidas para melhorar a governança da estatal e ressaltou que as investigações sobre irregularidades ocorrem de maneira independente, no que seria um reflexo de fortaleza institucional.

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Segundo o ministro do Desenvolvimento, Armando Monteiro, a presidente disse aos empresários e executivos que o Brasil é um país onde os órgãos de investigação são “autônomos”. Dilma retomou o assunto de maneira indireta em discurso no encerramento de seminário sobre o pacote de concessões anunciado há 20 dias, no qual destacou as semelhanças entre o Brasil e os Estados Unidos.

“Somos sociedades democráticas com instituições sólidas, com estabilidade política e que sabem lidar com situações econômicas e diversidade de opiniões. Respeitamos a liberdade de imprensa e fazemos muita questão dos nossos valores civilizatórios e democráticos”, declarou a presidente, que também se referiu a uma “tradição de transparência” e ao “respeito a contratos”.

Dilma dedicou a manhã de hoje a um exercício de sedução do setor privado da maior economia do mundo. Logo cedo, ela se reuniu com o empresário Rupert Murdoch na sede do The Wall Street Journal, que ontem trouxe um encarte pago de quatro páginas sobre o programa de concessões. Murdoch é dono de um conglomerado de meios de imprensa de orientação conservadora, entre os quais a Fox News, uma das redes de TV mais alinhadas ao Partido Republicano dos EUA.

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Em seguida, Dilma teve dois encontros com representantes de algumas das maiores empresas americanas – um com o setor financeiro e outro, com o produtivo. Do primeiro grupo, o único a se manifestar ao fim da reunião foi William Rhodes, do Citigroup, que disse apenas uma frase: “Nós temos uma longa história no Brasil e foi uma apresentação muito boa”. Os demais evitaram declarações à imprensa.

Os integrantes do setor produtivo foram mais acessíveis e apresentaram um discurso uniforme em relação ao Brasil – um país de grande mercado consumidor que teria boas perspectivas de longo prazo apesar das dificuldades imediatas. Mas para isso, são necessárias reformas que melhorem o ambiente de negócios e aumentem a eficiência da economia, temas abordados por Dilma em suas manifestações durante os encontros.

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“É um mercado grande e importante para nós. Qualquer coisa que seja feita para tornar nosso trabalho mais fácil e permitir que tenhamos um crescimento mais rápido será muito bem-vindo”, disse David Cheesewright, presidente e CEO do braço internacional da Walmart , a maior rede de varejo do mundo, com 550 lojas e 80 mil empregados no Brasil. “Nós estamos comprometidos com o futuro e estamos encorajados por algumas das reformas que estão sendo adotadas.”

O brasileiro Carlos Brito, CEO da Anheuser-Busch Inbev, elogiou a iniciativa do governo de se aproximar de empresas nos EUA e estar aberto a sugestões. Em sua opinião, as dificuldades atuais do País são transitórias. “Nós sempre somos muito otimistas com o Brasil, os fundamentos do Brasil, a classe média, a demografia, os recursos naturais. Isso não muda.”