Foto: Lula Marques/AGPT

A ex-presidente Dilma Rousseff deixou na tarde desta terça-feira, 6, o Palácio da Alvorada, a residência oficial que ocupou durante quase seis anos. Dilma saiu pontualmente às 15h30, desceu do carro e ficou cinco minutos cumprimentando manifestantes que se aglomeravam diante do Alvorada.

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Um grupo de aproximadamente 200 pessoas ficou horas no sol para se despedir da petista, que estava acompanhada por senadores, deputados e ex-ministros. Aos gritos de “Nós voltaremos” e “Fora Temer”, muitos carregavam bandeiras do PT, de trabalhadores na agricultura e até da campanha presidencial de 2014. A música da campanha, “Coração Valente”, tocava em alto volume. “Muito obrigada a vocês”, disse ela.

Seis dias após o Senado aprovar o seu impeachment, por 61 votos a 20, Dilma seguiu para a Base Aérea de Brasília, de onde embarcaria por volta de 16h para Porto Alegre. O avião da Força Aérea Brasileira (FAB) pousará em Canoas.

Mulheres jogaram pétalas vermelhas no asfalto por onde o comboio de dez carros passou, à saída do Alvorada. “Dilma, guerreira, da pátria brasileira”, gritavam os manifestantes. “Pisa ligeiro, pisa ligeiro. Quem não pode com a mulher não assanha o formigueiro.”

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Dirigentes do PT e de movimentos sociais preparam uma recepção para ela, ainda nesta terça-feira, na Base Aérea de Canoas (RS), perto de Porto Alegre. Os ex-governadores do Rio Grande do Sul Tarso Genro e Olívio Dutra, ambos do PT, estarão presentes na manifestação de apoio, além de deputados, senadores e ex-ministros.

A partir de agora, Dilma terá direito a oito servidores de livre escolha, com salários que vão de R$ 2,2 mil a R$ 11,2 mil, e também a dois carros. Os direitos dos ex-presidentes são regidos pela lei 7.474, de 1986, e pelo decreto 6381, de 2008. Dos oito funcionários, quatro são para prestar serviços de segurança e apoio pessoal, dois para assessoria e outros dois são motoristas.

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Dilma vai morar em Porto Alegre, mas pretende passar temporadas no Rio de Janeiro, local considerado mais estratégico para uma atuação política. Apesar da aprovação do impeachment, o Senado decidiu liberar a presidente cassada para ocupar cargos públicos e até disputar eleições.

No último dia 31, quando perdeu o mandato, Dilma fez um duro pronunciamento no Alvorada, no qual prometeu denunciar em todos os fóruns o que chamou de “golpe” de Estado.

“Ouçam bem: eles pensam que nos venceram, mas estão enganados. Sei que todos vamos lutar. Haverá contra eles a mais firme, incansável e enérgica oposição que um governo golpista pode sofrer”, afirmou ela, naquele dia, acompanhada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, além de ex-ministros, senadores, deputados, dirigentes e militantes do PT.

Dilma planejava deixar o Alvorada antes da chegada do presidente Michel Temer a Brasília. Temer, porém, antecipou sua volta da China, onde participou da reunião de Cúpula do G-20, e já está na capital federal.