A presidente Dilma Rousseff reafirmou nesta terça-feira, 3, que não vai renunciar ao seu mandato. Dilma disse que, mais de uma vez, ouviu pedidos para que deixasse o cargo voluntariamente. Segundo ela, isso seria mais confortável para os que querem ocupar o seu lugar.

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“Se eu renunciar, se esconde para debaixo do tapete esse impeachment sem base legal e, portanto, esse golpe. É confortável para os golpistas que a vítima desapareça”, disse a presidente, em discurso durante a cerimônia do Plano Safra da Agricultura Familiar, no Palácio do Planalto.

A plateia, formada por movimentos sociais do campo, aplaudia a todo instante a fala da presidente e gritava palavras de ordem em defesa do governo e da petista.

“É confortável que a injustiça não seja visível. Pois eu quero dizer para vocês: a injustiça vai continuar visível”, disse Dilma ao enfatizar que não vai renunciar. “Nós estamos fazendo história, porque a democracia é, sem sombra de dúvida, o lado certo da história.”

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Representantes dos movimentos sociais também discursaram contra o impeachment. Eles fizeram críticas diretas ao vice-presidente Michel Temer, que vai assumir a Presidência caso o Senado aprove a admissibilidade do processo de impeachment na próxima semana. As críticas foram dirigidas também ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que deu início à tramitação do afastamento de Dilma na Câmara. “Temer e Cunha, a batata de vocês está assando”, afirmou Anderson Amaro, da Via Campesina. “Golpistas, não os deixaremos governar nem um só dia até estabelecermos a normalidade democrática.”

Além de Amaro, também discursaram representantes da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) e da Federação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras da Agricultura Familiar (Fetraf).

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‘Assalto’

Como nos discursos mais recentes, Dilma voltou a usar expressões fortes contra o processo de impeachment. “Vivemos tempos muito estranhos, difíceis, politicamente conturbados. A democracia brasileira sofre um assalto. Querem encurtar o caminho para a democracia”, acusou a presidente.

Ela classificou as acusações do processo de impeachment como mentiras e falou sobre os decretos de crédito suplementar, publicações que são parte das acusações que pesam contra ela. “É uma mentira contra a experiência histórica do País. Se comparar com os últimos presidentes, a situação é estranha. Eu fiz seis decretos. Fernando Henrique Cardozo fez 101”, afirmou.

Dilma observou que os decretos que aparecem na acusação mostrariam que ela estava cumprindo a meta fiscal. “Esses decretos não foram feitos por demanda minha. Um deles é do TSE, que falava que eles fizeram concurso e apareceu mais gente do que o esperado.”

Corte

Segundo a presidente, o governo já tinha feito o maior corte orçamentário que o País viveu e ainda assim “eles queriam que colocasse mais dinheiro ainda na meta”. “Por isso, quando votam (os deputados), votam por todas as razões, menos pelos decretos. Eles não queriam votar contra o dinheiro dos hospitais”, argumentou.

Dilma ainda se defendeu dizendo que não participou de nenhum dos atos pelos quais foi acusada e agora pode perder o mandato. “Eu sou acusada e sequer estive presente em qualquer dos atos. É claro que as razões do impeachment são outras. É porque não tinham do que me acusar. Estão construindo uma acusação”, afirmou. “Por isso, digo que me sinto injustiçada por um grupo que quer chegar ao poder por um caminho fácil, que não passa pelo do voto do brasileiro.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.