Em queda nas pesquisas de intenção de voto, a presidente Dilma Rousseff aproveitou o Dia do Trabalho para convocar ontem cadeia nacional de rádio e TV e, além de anunciar medidas populares como a correção da tabela do Imposto de Renda e o reajuste do Bolsa Família, rebateu ataques dos adversários sobre a política econômica do governo e a crise na Petrobras. Pré-candidata à reeleição, Dilma disse ainda que pretende “continuar a política de mudanças” para “os pobres e a classe média”.

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No início do pronunciamento, Dilma anunciou a nova tabela do IR, corrigida em 4,5%. A medida é uma bandeira das centrais sindicais, mas o índice do governo está abaixo do defendido pelas entidades, que querem uma correção pela inflação oficial.

“Acabo de assinar uma medida provisória corrigindo a tabela do Imposto de Renda, como estamos fazendo nos últimos anos, para favorecer aqueles que vivem da renda do seu trabalho. Isso vai significar um importante ganho salarial indireto e mais dinheiro no bolso do trabalhador”, afirmou Dilma.

“Assinei também um decreto que atualiza em 10% os valores do Bolsa Família recebidos por 36 milhões de brasileiros beneficiários do programa Brasil sem Miséria, assegurando que todos continuem acima da linha da extrema pobreza definida pela ONU. Anuncio ainda que assumo o compromisso de continuar a política de valorização do salário mínimo”, afirmou.

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A presidente fez ataques indiretos aos adversários que enfrentará nas urnas e rebateu críticas. “Algumas pessoas reclamam que o nosso salário mínimo tem crescido mais do que devia. Para eles, um salário mínimo melhor não significa mais bem-estar para o trabalhador e sua família, dizem que a valorização do salário mínimo é um erro do governo e, por isso, defendem a adoção de medidas duras, sempre contra os trabalhadores”, afirmou, em referência a uma declaração do ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, conselheiro do pré-candidato tucano ao Planalto, Aécio Neves. “Nosso governo nunca será o governo do arrocho salarial, nem o governo da mão dura contra o trabalhador.”

Dilma também tentou explorar o desejo de mudanças detectados pelas pesquisas. “Nosso governo tem o signo da mudança e, junto com vocês, vamos continuar fazendo todas as mudanças que forem necessárias para melhorar a vida dos brasileiros, especialmente dos mais pobres e da classe média.”

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Dentro do discurso econômico que levará para a campanha para enfrentar Aécio e Eduardo Campos, pré-candidato do PSB, a presidente procurou enfatizar ganhos de renda e geração de empregos. “Vocês que estão nas fábricas, nos campos, nas lojas e nos escritórios sabem bem que estamos vencendo a luta mais difícil e mais importante: a luta do emprego e do salário. Não tenho dúvida, um país que consegue vencer a luta do emprego e do salário nos dias difíceis que a economia internacional atravessa, esse país é capaz de vencer muitos outros desafios.”

Petrobras

Alvo de críticas por ter apoiado a compra da refinaria de Pasadena (EUA) quando era presidente do Conselho de Administração da Petrobras, em 2006, Dilma voltou a defender a estatal e retomou a bandeira do combate aos “malfeitos”.

“Quero reafirmar o compromisso do meu governo no combate incessante e implacável à corrupção. Novos casos têm sido revelados por meio do trabalho da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União”, disse. “Sei que a exposição desses fatos causa indignação e revolta a todos, seja a sociedade, seja o governo, mas isso não vai nos inibir de apurar mais, denunciar mais e mostrar tudo à sociedade, e lutar para que todos os culpados sejam punidos com rigor”, afirmou a presidente.

No Congresso, o governo adotou a tática de postergar ao máximo a instalação da CPI da Petrobras. “O que envergonha um país não é apurar, investigar e mostrar. O que pode envergonhar um país é não combater a corrupção, é varrer tudo para baixo do tapete”, disse a petista.

Em seguida, a presidente citou diretamente a estatal: “É com essa franqueza que quero falar da Petrobras. A Petrobras é a maior e mais bem-sucedida empresa brasileira”. Para Dilma, “a Petrobras jamais vai se confundir com atos de corrupção ou ação indevida de qualquer pessoa”.

“Repito aqui o que disse há poucos dias em Pernambuco: não transigirei, de nenhuma maneira, em combater qualquer tipo de malfeito ou atos de corrupção, sejam eles cometidos por quem quer que seja”, disse. “(Mas)Não vou ouvir calada a campanha negativa dos que, para tirar proveito político, não hesitam em ferir a imagem dessa empresa que o trabalhador brasileiro construiu com tanta luta, suor e lágrimas.”

Oposição

Oposicionistas disseram que vão questionar na Justiça Eleitoral o uso da cadeia de TV.Para Aécio, o discurso “representa o desespero de um governo acossado por sucessivas denúncias de corrupção e uma presidente fragilizada pelo boicote da sua própria base”. “Orientada por seu marqueteiro, a presidente tenta, como se fosse possível, encarnar o atual sentimento de mudança existente no País”, disse o tucano. “Ela ainda não percebeu, mas perceberá, que a mudança pela qual clamam mais de 70% da população brasileira não inclui a sua permanência no poder.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.