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O petista Virgílio: sem petistas. |
Nenhum petista paranaense apareceu, ontem, para recepcionar o candidato avulso à presidência da Câmara Federal, Virgílio Guimarães (PT-MG), em sua passagem por Curitiba, onde se reuniu com representantes da bancada federal no Hotel Pestana. Em compensação, sua comitiva era constituída por vários parlamentares: Ivo José (PT-MG), Jovair Arantes (PTB-GO), Ricarte Freitas (PTB-MT), Ademir Camilo (PPS-MG), Wellington Fagundes (PL-MT), além dos paranaenses Alex Canziani (PTB) e Airton Roveda (PMDB).
Vígílio desembarcou no aeroporto do Bacacheri, vindo do Mato Grosso, e hoje segue para Porto Alegre, para mais uma "visita simbólica aos estados", como chama a campanha itinerante que vem desenvolvendo. Ele manifestou grande confiança na vitória e reafirmou que sua candidatura, além de legítima, representa tanto a governabilidade quanto a autonomia e auto-estima do poder Legislativo: "Nunca vi uma candidatura avulsa tão coletiva quanto esta, e entendo que ela representa o desejo nacional de reforçar a Câmara e sua função".
Ele se recusou a analisar a questão dos salários parlamentares, argumentando que seu programa de ação não inclui qualquer promessa desse tipo: "A Câmara Federal precisa mais é de uma reforma administrativa profunda, que a torne mais barata, eficiente e representativa. Os deputados hoje são de um novo tipo, um novo clero, e não são seduzidos por propostas salariais. Os mandatos são mais densos, e é nesse quadro que apresento uma proposta renovadora. Acredito que a Casa pode ser melhor e mais barata", ponderou.
Quanto aos apelos para que renuncie, principalmente por parte do presidente do diretório nacional de seu partido, José Genoino, disse que não lhe foram feitos pessoalmente: "Não recebi qualquer apelo nesse sentido. Estou em campanha e a candidatura não é minha; está referendada numa grande plenária com mais de seis mil pessoas. Tem respaldo social e de milhares de militantes que acreditam que o assunto deve ser resolvido pelo conjunto da representação popular".
Frisou que todas as candidaturas, sejam de bancadas, sejam avulsas, são igualmente legítimas, e que a sua "é a melhor para a governabilidade e para o PT, que terá a oportunidade de aplicar a si mesmo o que sempre pregou".
Destacou que não renunciou em momento algum à disputa – "renunciei a ser o candidato da bancada, não a concorrer"- afirmou que a votação secreta é a melhor para todos os candidatos porque é a mais democrática e a que melhor garante o direito à livre expressão, e negou que trabalhe com a hipótese de levar a escolha para o segundo turno: "Não faço esses cálculos".
PT apela para que Virgílio desista
São Paulo – O presidente nacional do PT, José Genoino, disse, ontem, que o partido está trabalhando para que o deputado federal Virgílio Guimarães (PT-MG) desista de sua campanha avulsa à presidência da Câmara. Segundo o líder petista, a candidatura oficial da legenda, do deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP), está crescendo e não é interessante "ao partido, ao Legislativo e ao País" a concorrência de Virgílio contra o próprio PT.
"A candidatura do deputado federal Luiz Eduardo Greenhalgh tem o aval e a legitimidade da bancada e do partido. É uma candidatura que cresce e está sendo articulada entre os partidos e as bancadas estaduais. A candidatura do Virgílio não tem o aval da bancada e do partido. Por isso apelamos para que ele desista", disse Genoino ao portal da legenda na internet.
Questionado sobre a postura do comando do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que tem afirmado que 2005 também será um ano de lutas, o presidente do PT ressaltou a independência do movimento, mas frisou que o partido não concorda com os métodos adotados pelos sem terra.
"O MST é um movimento independente. O PT respeita o MST, mas diverge de seus métodos", destacou Genoino. "Considero que é fundamental que o governo continue negociando com eles. Nem aceitamos a criminalização dos movimentos sociais nem concordamos com tudo que o MST proclama ou defende", complementou.
Quanto a um possível acordo para votação da reforma trabalhista, Genoino disse que a reforma sindical deve ser votada inicialmente, mas observou que as mudanças na legislação trabalhista devem deixar alguns direitos básicos de fora da livre negociação.
João Paulo admite o segundo turno
Brasília – O presidente da Câmara dos Deputados, João Paulo Cunha (PT-SP), admitiu ontem a possibilidade de haver segundo turno na eleição do novo titular da Casa, marcada para 14 de fevereiro. A disputa, até agora com cinco candidatos, está polarizada entre os petistas Luiz Eduardo Greenhalgh (SP), nome oficial do partido, e o candidato avulso Virgílio Guimarães (MG), que entrou na campanha à revelia do PT.
"É possível resolver já no primeiro turno, mas vai depender da evolução das campanhas", disse João Paulo a jornalistas. Fora do Brasil para uma audiência com o Papa João Paulo 2.º na semana passada, em Roma, ele afirmou que voltou "mais abençoado" de Roma e que está preparado para ajudar Greenhalgh. Nos bastidores, ele foi criticado por deixar o país no momento de disputa acirrada entre as duas campanhas petistas.
"Estou ajudando a montar a campanha nesta semana e nas próximas", informou João Paulo. Ele disse que não pretende conversar com Virgílio Guimarães (PT-MG), que lançou candidatura avulsa, como opositor de Greenhalgh, na mesma legenda partidária. "Não vou conversar neste sentido. Ele (Virgílio) faz a campanha dele, o Luiz Eduardo faz a dele, e eu apoio a do Luiz Eduardo", ressaltou.
Nos últimos dias, João Paulo esteve, junto com aliados, em Curitiba e Florianópolis, conversando com as bancadas estaduais para emplacar o nome oficial de sua legenda. Na avaliação de parlamentares petistas, a candidatura de Greenhalgh ainda não deslanchou, enquanto a campanha de Virgílio tem repercutido mais.
Por esse motivo e em razão do grande número de candidatos, cresce a tese de que a corrida política não se resolve no primeiro turno, quando o candidato mais votado deve obter a maioria absoluta dos votos para evitar uma segunda etapa da eleição. Na eleição para presidência da Câmara, prevista para 14 de fevereiro, a votação é secreta. Para ser eleito no primeiro turno, o candidato precisa obter 257 votos dos 513 deputados.
Segundo João Paulo, somente um acordo poderá permitir mudança regimental para que a votação não seja secreta. "É uma norma regimental. Não creio que haja condições regimentais para fazer. Agora, é claro que, se houver acordo entre os líderes e os candidatos, se todos quiserem a votação, eu sou o primeiro a estimular isso", acrescentou o deputado.
João Paulo ressaltou que não vale para estas eleições a formação do bloco parlamentar que vai reunir o PSB, o PCdoB, o PPS, o PDT e o PV. Ele disse que ainda está sendo avaliado se será possível incluir a formação do bloco para escolha dos parlamentares das comissões técnicas permanentes.
