Em ato simbólico num momento de desgaste político e rumores de que perderá o cargo, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, divulgou nesta quarta-feira, 11, nota para agradecer a oportunidade por ter sido “ouvido” por um grupo de 40 senadores durante jantar na terça-feira. A documento é praticamente um manifesto público do ministro em defesa das razões que justificam os fundamentos da sua política e na ênfase dada por ele na necessidade de ajuste fiscal.

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O encontro ocorreu da residência do senador Eunício Oliveira (PMDB-CE) no mesmo dia em que aumentou em Brasília a pressão do PT para que a presidente Dilma Rousseff substitua o ministro Levy pelo ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles.

Na nota, Levy elogia os senadores e os classifica de “mais alta liderança do País”. Inicialmente, a nota foi divulgada com o título de “agradecimento aos senadores do PMDB”, o que foi interpretado como um gesto de aproximação na direção das lideranças peemedebistas em detrimento dos senadores petistas. Mais tarde, a Fazenda corrigiu a saia-justa com o PT e os senadores de outros partidos também presentes no jantar, e informou que tinha cometido um erro. Tratava-se, na verdade, segundo a assessoria do ministro, de um agradecimento a todos os senadores.

“O compromisso com o Brasil e o espírito de cooperação entre a mais alta liderança do País na busca de soluções nesse momento de tantas incógnitas foram as principais impressões que levei daqueles momentos”, afirmou Levy.

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Sob bombardeio contínuo do PT e de ministros do governo que querem tirá-lo do cargo, Levy aproveitou a oportunidade para reiterar sua estratégia de reforço do ajuste fiscal. Segundo Levy, a segurança fiscal, que diminui os temores das pessoas e dá visibilidade ao futuro, é a base das outras ações para o desenvolvimento.

Equilíbrio

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O ministro afirmou que a política econômica que ele quer conduzir “entende” que o Brasil tem de apresentar opções para a moderação da carga tributária, sem prejuízo do equilíbrio fiscal e respeitando os objetivos de proteção social e estímulo ao trabalho e ao investimento. Criticado por petistas por ter foco apenas no ajuste fiscal, o ministro reforçou a necessidade de “permanente avaliação, priorização e disciplina do gasto público”.

A divulgação da nota recebeu críticas dentro do governo. A avaliação é de que ele teria passado uma percepção ainda de maior fragilidade. Joaquim Levy insistiu no seus pontos de vista e não deu sinais de uma maior flexibilidade das políticas adotadas, como pede o PT que defende mudanças na política econômica. Uma das críticas dirigidas à conduta do ministro tem sido justamente a sua pouca flexibilidade.

“Um orçamento com receitas sólidas é a manifestação imediata desse entendimento, e permitirá a iniciativa privada e a população ter confiança e levar avante seus planos e sonhos, traduzindo-se na retomada econômica”, insistiu Levy.

Em meio a pressão para adotar medidas de liberação do crédito para a retomada da economia, inclusive do BNDES, o ministro respondeu aos críticos ao afirmar que os instrumentos mais habituais de estímulo à economia já foram usados à exaustão. “Teremos que trabalhar para enfrentar questões estruturais, de forma a dar competitividade ao país em um período em que não poderemos contar com os mesmos preços favoráveis para nossas matérias-primas”, rebateu.

Desafios

Levy disse que sua estratégia é abrir oportunidades para novas empresas e empreendedores, dando chance para o País vencer em um mundo ainda com baixo crescimento, mas onde ocorrem extraordinárias mudanças tecnológicas que impactam os modos de produção e de consumo em todos os países.

Na avaliação do ministro, o Brasil já enfrentou muitas crises e conseguiu sair mais forte delas. Numa alfinetada indireta aos seus colegas de Esplanada, Levy disse que os desafios de curto prazo serão superados “se enfrentados” com clareza no diagnóstico e unidade. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.