O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, disse nesta quarta-feira, 26, que sua intenção em permanecer no cargo de chefe do Ministério Público não tem como objetivo a “satisfação do ego”. De acordo com o procurador, a motivação se dá pelo apoio dado por integrantes do Ministério Público, que fez com que ele conquistasse 799 votos, liderando a lista tríplice da categoria, apresentada à presidente da República Dilma Rousseff, que posteriormente o indicou ao cargo. “O que me motiva a pretender novo mandato de procurador-geral da República? Digo a vossas excelências que esse desejo não se basta à satisfação do ego nem à sofreguidão do poder. Não é isso que me move”, disse, em sua apresentação à sabatina na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado.
Janot aproveitou sua fala para dizer que poucas pessoas “têm a real noção do impacto pessoal” de ocupar o cargo de chefe do MP em sua vida. Ele citou que sua família “sofre” com ele as “situações penosas”. A esposa de Janot acompanha a sua sabatina hoje na CCJ.
O procurador mencionou ainda que o País vive um “momento difícil” e falou sobre a relação entre os poderes que compõem a República entre si e junto ao Ministério Público. “Todos percebemos que o País vive um momento particularmente educado nas relações sociais agravado pelas dificuldades da economia”, disse, sem entrar em detalhes, que não se pode diminuir “os fatores que ameaçam obstruir o diálogo institucional”.
Sem fazer menções diretas à Operação Lava Jato, Janot disse que o País tem hoje um “grave caso de corrupção” que está sendo investigado. Ele reconheceu, contudo, que nesse processo de apuração dos fatos existem percalços, mas que “todos testemunhamos o amadurecimento das instituições”. Ao lembrar sobre sua atuação à frente do MP, que completa agora dois anos, Janot disse que assumiu o compromisso de “combate sem trégua à corrupção”.
Ao citar as investigações que são conduzidas hoje pelo Ministério Público, Janot lembrou ainda de sua primeira sabatina no Senado, antes de assumir o cargo de procurador-geral em 2013. “Eu disse que a régua da Justiça precisa ser isonômica. É preciso atingir fortes e fracos, ricos e pobres. O pau que dá em Chico, dá em Francisco”, disse, acrescentando que a atuação da Procuradoria precisa transmitir “igualdade, republicanismo e funcionamento regular”.
Ainda sobre a atuação do Ministério Público, Janot disse que não cabe à instituição mostrar-se como um “ente especial” que se sobrepõe ao Judiciário, Executivo e Legislativo. “Todos somos responsáveis por nossos atos, acertos e erros. Creio firmemente que é a esse norte que deveremos conduzir”, completou. Apesar do momento tenso vivido na relação entre os poderes, o procurador-geral disse que as relações “não se rompem pelo exercício isento das atribuições”.