Desalojada pelo governo, PIC procura uma nova casa

O promotor de justiça Paulo Kessler, coordenador da Promotoria de Investigação Criminal (PIC) de Curitiba, refutou a especulação de que duas medidas tomadas pelo governo do estado que acabam prejudicando as atividades da promotoria seriam uma retaliação sobre a atuação da PIC, responsável pelas investigações do caso Razera.

Comentários nos meios políticos insinuavam que a determinação por parte do governador Roberto Requião para que os sete policiais militares que integravam a equipe da PIC retornem a suas corporações a partir de primeiro de janeiro, somada à não-renovação da cessão do imóvel onde funciona a promotoria e cujo empréstimo encerra-se no final do ano seriam uma tentativa do governo de enfraquecer e, até, extinguir o órgão.

?Não me permito fazer esse tipo de avaliação inócua. Não me cabe fazer suposições sobre a subjetividade de uma decisão. Mas também preciso esclarecer que essas medidas, em hipótese alguma, vão determinar a extinção da instituição, como já foi insinuado, ou por ignorância ou por má-fé. Somos uma instituição independente?, comentou, dizendo não conseguir fazer relações entre as medidas do governo do estado e a operação realizada em setembro pelo órgão, pouco antes do primeiro turno das eleições, que resultou na prisão do policial civil Délcio Razera, acusado de comandar um grande esquema de escutas telefônicas ilegais, e que foi fortemente explorada pela oposição de Roberto Requião na campanha eleitoral, sendo, inclusive, considerado um dos fatores determinantes para o equilíbrio das urnas.

Ocupando, desde 2001, uma casa emprestada pelo estado no bairro Ahu e contando como sete policiais militares a sua disposição, a PIC recebeu, terça-feira, as notícias de que terá de procurar nova sede para 2007 e que não poderá mais contar com os policiais, que retornarão a suas corporações. Mas para o promotor, foram duas decisões naturais. ?Desde que iniciamos as atividades no Ahu, sabíamos que só poderíamos ficar até 2006. A casa não é do Ministério Público, estava cedida sem cobrança de aluguel; como não quiseram renovar o acordo, só nos resta agradecer pelo tempo que ficamos lá e procurar um novo imóvel?, disse.

Sobre o pedido de retorno dos policiais, Kessler disse acreditar se tratar de uma movimentação normal de pessoal no final de uma gestão. ?É evidente que seria mais confortável continuarmos contando com nossos brilhantes policiais, mas, sem tê-los à disposição, vamos nos readaptar e continuar fazendo nosso trabalho, que é referência no combate ao crime organizado?, afirmou, lembrando que o Ministério Público deve agir em harmonia com os três poderes, mas sendo independente dos mesmos. O promotor revelou ainda que pretende criar cargos de oficiais de promotoria, para substituir o trabalho dos policiais e disse contar com a polícia em casos especiais. ?Por lei, temos o poder de requisitar apoio policial. Mas creio que continuaremos contando com a ajuda da boa polícia, que também está sempre disposta a cumprir sua missão de defender o cidadão?, disse. Ele garante que a PIC seguirá trabalhando em Curitiba com seu quadro de cinco promotores e três auditores, além de outros 11 funcionários diversos, em um novo endereço.

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