Partidos de oposição na Câmara defenderam nesta sexta-feira, 20, que a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, não espere a formalização do indicado pelo presidente Michel Temer para a vaga deixada por Teori Zavascki e faça a redistribuição da relatoria da Operação Lava Jato entre os nove ministros da Corte. Por seu perfil discreto e técnico, alguns deputados torcem para que o decano Celso de Mello assuma os processos de Teori.

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Embora sejam unânimes em dizer que não cabe interferência política do Parlamento nos rumos em que Cármen Lúcia dará ao processo da Lava Jato, há deputados que defendem que o decano mude de turma no STF e seja escolhido para a missão, não só porque tem um comportamento semelhante ao de Teori, mas por sua experiência comprovada para tocar a Lava Jato. “Ele é comedido, discreto e muito bom tecnicamente”, pregou o deputado Rubens Pereira Júnior (PCdoB-MA), membro da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara.

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“Dentro dos que estão lá, ele passa a imagem mais próxima do Teori”, concordou o presidente da CCJ, Osmar Serraglio (PMDB-PR). O peemedebista – que é candidato à primeira vice-presidência da Câmara – defende que o STF encontre uma solução, “nem que seja provisória”, principalmente porque não se sabe quanto tempo Temer levará para escolher um nome e quanto tempo o indicado cumprirá o processo de sabatina no Senado.

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Relator do processo de cassação do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o deputado Marcos Rogério (DEM-RJ) destaca que a substituição de Teori tem um peso incomum pelas circunstâncias da investigação que ele conduzia. Membro da CCJ, o parlamentar também é favorável à solução interna na Corte. “O próprio regimento do Supremo indica a possibilidade de que outro ministro assuma essa condição. O ministro Celso Mello é o decano da Corte, tem posições firmes, conhece bem o processo, poderia ser uma saída institucional e afastar a suspeição da indicação. Isso seria um alívio para o próprio presidente (Temer)”, declarou à reportagem. “Qualquer que seja o indicado, nestas condições, chegaria na Corte numa condição muito ruim, tendo que provar imparcialidade jurídica, podendo inclusive ter suas decisões viciadas, numa perspectiva ou em outra”, completou.

O líder do PSOL, Ivan Valente (SP), é um dos defensores do sorteio para redistribuição ou que a ministra Cármen Lúcia assuma a função. “Se caísse com o Celso de Mello seria uma coisa razoável”, comentou. Em sua avaliação, esperar uma decisão de Temer atrasaria demasiadamente os processos e qualquer que seja a indicação, o sucessor de Teori não poderia assumir a Lava Jato porque será a nomeação de alguém citado nas investigações. “Deixaria muita suspeita no ar”, justificou Valente.

“Seria mais compreensível a redistribuição. Aguardar uma indicação do governo levará um tempo maior e produziria instabilidade, especulação sobre as características dessa indicação e da sua isenção”, reforçou o líder do PCdoB, Daniel Almeida (BA).