Deputados se rebelam contra voto secreto

Deputados de diversos partidos que coordenam a defesa do voto aberto em todas as votações do Congresso entregaram ontem ao presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP), um abaixo-assinado a favor do fim do voto secreto. As assinaturas foram juntadas em cinco lençóis de casal que traziam a inscrição "voto aberto no Congresso Nacional – quero saber como meu representante vota". O grupo de parlamentares recolhe também assinaturas para formar a Frente Parlamentar pelo Fim do Voto Secreto.

O abaixo-assinado entregue a Rebelo está acompanhado de um manifesto defendendo o direito do povo brasileiro de saber como os parlamentares votam. "Esse é um direito essencial do eleitor. A soberania política é da população, que escolhe seus representantes. Fazer do seu voto um ato de consciência só é possível com julgamento sensato dos seus representantes. A democracia resistirá, mas é preciso ética e transparência no parlamento", afirma o manifesto.

Os manifestantes pedem a votação da proposta de emenda constitucional que acaba com o voto secreto que está à espera de votação pelo plenário da Câmara há cerca de um ano. O movimento tomou fôlego depois das várias absolvições, pelo plenário da Casa, de deputados que respondiam a processo de cassação sob acusação de envolvimento no esquema do mensalão.

"Para encobrir o mensalão, voto secreto é traição", gritavam manifestantes, concentrados no salão Verde da Câmara. Deputados de diversos partidos – Psol, PSB, PPS, PSDB, PMDB, PT, PTB e PFL -apóiam o pleito. "Cada vez que alguém dança aqui, está dançando no túmulo da democracia", afirmou o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), durante a manifestação. Ele se referia à dança da deputada Ângela Guadagnin, no plenário da Câmara, na madrugada de quinta-feira (23), em comemoração à absolvição do deputado João Magno (PT-MG).

No mesmo momento em que manifestantes ocupavam o Salão Verde pelo fim do voto secreto, Guadagnin ocupava a tribuna da Câmara para fazer um discurso sobre a atitude de quinta-feira. Ela disse, no seu pronunciamento, que está ocorrendo um linchamento e um massacre contra ela, coordenados pela mídia, e que há uma intolerância ligada a preconceito por ela ser gorda, não tingir os cabelos e ser do PT.

Ela protestou contra o que chamou de "pensamento único", segundo o qual todo mundo tem que ser cassado e, se não houver isso, é porque está ocorrendo pizza. "A mídia quis me vilipendiar e me mostrar como a dançarina da pizza ou a sacerdotisa da imoralidade", protestou Ângela.

Segundo ela, a imprensa não levou em conta a sua trajetória política. Seu discurso foi acompanhado por Magno, que a elogiou. Já o deputado Antônio Carlos Pannunzio (PSDB-SP) a criticou: "Não há outra forma de a opinião pública entender, nem a mídia, que não foi a dança do escárnio".

"Dançarina"

Depois de ser alvo de ação na corregedoria da Câmara, a deputada Ângela Guadagnin (PT-SP) enfrentou ontem a ira de seus colegas do Conselho de Ética da Casa. O próprio presidente do colegiado, deputado Ricardo Izar (PTB-SP), defendeu o afastamento da parlamentar depois que ela dançou no plenário da Câmara para comemorar a absolvição do petista João Magno (MG) no processo de cassação. A deputada apresentou sua posição na reunião do conselho e fez discurso no plenário se dizendo vítima de "massacre", "linchamento", "intolerância" e de "preconceito".

"A mídia quis me vilipendiar em me mostrar como a dançarina da pizza ou a sacerdotisa da imoralidade", protestou a deputada, completando que sua trajetória política de luta pela justiça e pelo bem-estar do povo não foi levada em conta. 

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