O presidente da Assembléia Legislativa, Hermas Brandão (PSDB), anunciou ontem o fim da frota de carros oficiais destinados aos gabinetes dos 54 deputados estaduais. Brandão disse que a partir da próxima semana começa a recolher os carros – em média são dois por gabinete – que irão a leilão durante o mês de março.
A justificativa para extinguir a frota é que se tornou comum o uso irregular dos carros, causando desgaste à imagem da Assembléia. “Não se trata de uma medida de economia. Mas uma forma de evitar aborrecimentos. Tem muita bronca com os carros. São multas, acusação de direção perigosa, estacionamento irregular e toda uma série de problemas que nós queremos eliminar”, disse o presidente da Assembléia.
Cada deputado será autorizado a utilizar a verba de ressarcimento para alugar novos carros. Mensalmente, a Assembléia abre um crédito de R$ 20 mil para cada gabinete gastar com telefone, correio, combustível, viagens e alimentação. As despesas com o aluguel de carros teriam que ser incorporadas à verba de ressarcimento. Conforme Brandão, não haverá reajuste da verba.
De acordo com o 1.º secretário, Nereu Moura (PMDB), a frota atual da Assembléia é formada por 120 veículos – a maioria do modelo Vectra e Santana – cuja venda deve resultar numa receita próxima a R$ 3 milhões. Moura e Brandão disseram que a Assembléia deve manter apenas cinco carros oficiais para a área administrativa. O 1.º secretário acha que os ocupantes da Mesa Executiva continuarão tendo direito a carro oficial.
Privilégio
Os carros dos deputados sempre foram fonte de escândalos. O mais recente deles foi no ano passado, quando se descobriu que a Urbs (a empresa de gerenciamento do transporte urbano de Curitiba) ignorava as infrações cometidas com carros oficiais da Assembléia e perdoava todas as multas de trânsito. A revelação do “benefício” não repercutiu bem na opinião pública e a Mesa Executiva começou a discutir o fim da frota.
Os deputados nunca foram obrigados a identificar os carros oficiais, o que em tese permite que sejam destinados para transporte particular. Brandão disse que, na maioria dos casos, as irregularidades são cometidas por assessores. A cada final de legislatura, sempre foram registrados casos em que os deputados não reeleitos resistiam em devolver os carros oficiais. “Os carros são instrumentos importantes no desempenho parlamentar. Mas com esta nova forma, cada um fica responsável pelo transporte no seu gabinete. Ninguém vai ficar a pé porque os deputados já têm seus próprios carros”, disse Moura.