O futuro líder do governo Beto Richa (PSDB) na Assembleia Legislativa, Ademar Traiano (PSDB), atribuiu, ontem, a “forças estranhas” os boatos sobre o surgimento de uma oposição a Valdir Rossoni (PSDB) na eleição para a presidência da Casa, encabeçada pelo também tucano Nelson Garcia.

E a movimentação de ontem parece dar razão ao deputado. Diversos parlamentares disseram ter ouvido falar sobre a nova corrente, ao mesmo tempo em que afirmaram sequer terem sido procurados pelo deputado Nelson Garcia ou por qualquer outro simpatizante do novo grupo.

Para completar, surgiu, na tarde de ontem, uma suposta nota oficial em que Garcia confirmaria a candidatura. O gabinete do deputado, no entanto, negou autoria da nota e salientou que Garcia estava incomunicável, em uma fazenda no interior do Estado.

Várias versões surgiram para o surgimento da nova candidatura: na suposta nota, ela é atribuída ao apelo de vários deputados por uma “Assembleia que contemple as próprias demandas, às reivindicadas pela sociedade e pela imprensa livre”.

Nos bastidores, há versões que se referem ao descontentamento com a postura de Rossoni (que depois de ter a candidatura em chapa única praticamente assegurada teria deixado de dialogar com os deputados), à negativa de Rossoni em apresentar novamente o projeto de aposentadoria dos deputados, ao medo de que o futuro presidente acabe com velhas práticas no comando da Casa ou à decepção com as nomeações do governador Beto Richa (que teria deixado de contemplar indicações de deputados para cargos regionais).

Independente da versão, a maioria das lideranças concordou que o movimento de oposição, neste momento, teria muito mais o objetivo de pressionar Rossoni ou Beto (dependendo da queixa) do que provocar, realmente, um bate-chapa. “Estão plantando essa dificuldade para tentar colher alguma facilidade”, declarou um deputado.

Secretário-chefe da Casa Civil, Durval Amaral (DEM), disse que conversou com Garcia na terça-feira e que em nenhum momento o deputado mencionou a intenção de disputar a presidência da Assembleia.

“Ele não demonstrou nenhum interesse nessa disputa e eu não acredito em boato. O candidato é o Rossoni, sua candidatura foi muito bem construída, é consensual e é o candidato do governo”, disse Durval, que assumiu a secretaria dentro dessa construção da candidatura de Rossoni, pois era um dos aspirantes à presidência da Assembleia.

Enquanto isso, Rossoni disse que apenas aguardará. “Vou esperar uma manifestação oficial do Nelson Garcia. Até agora só ouvi boatos”, disse. “O que vale, para mim, é um documento em que toda a bancada do PSDB declara apoio à minha candidatura. Documento assinado, inclusive pelo Nelson Garcia. Se ele mudou de ideia, tem que me comunicar”, disse o deputado, garantindo estar tranqüilo quanto à sua eleição e afirmando que mesmo se tiver adversário, terá os votos necessários para vencer.

Alexandre admite que foi procurado por um grupo de deputados

Atual primeiro-secretário da Assembleia, o deputado Alexandre Curi (PMDB) também foi apontado como um dos possíveis adversários de Rossoni na disputa pelo comando da Casa. Alexandre admitiu que foi procurado por um grupo de deputados (não disse quais) para ser candidato à presidência, mas garante que descartou de pronto.

“Já anunciei minha decisão, não tem nenhuma possibilidade de eu disputar a presidência. Além do mais, o PMDB já tem posição fechada. Nossa bancada apoia o Rossoni”, declarou, para depois afirmar que desconhece a candidatura de Nelson Garcia. “Só reconheço uma chapa. Rossoni será presidente da Assembleia, numa candidatura de consenso”.

Alexandre não escondeu, no entanto, o desejo de, um dia, presidir a Casa, a exemplo de seu avô Aníbal Curi. &ldquo,;Nesse momento terei de dividir o exercício do meu mandato com os cuidados com meus filhos gêmeos que estão para nascer. Mas nada impede que daqui a dois anos seja diferente”, disse, praticamente se lançando para 2013.

Um dos peemedebistas que declarou abertamente apoio a Beto Richa (PSDB) nas eleições do ano passado enquanto seu partido tinha em Rodrigo Rocha Loures o vice de Osmar Dias (PDT), Alexandre disse que a maioria da bancada deve, agora, apoiar o governador.