O afastamento do delegado Protógenes Queiroz das investigações da Operação Satiagraha, da Polícia Federal (PF), foi criticado nesta quarta-feira (16) por integrantes da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Grampos, na Câmara. Os deputados agora enxergam na convocação do delegado, marcada para o dia 6 de agosto, uma oportunidade única de entender as reais motivações que levaram o governo a afastá-lo da investigação.
"É um grave prejuízo para as investigações a saída do delegado", avaliou o presidente da CPI, deputado Marcelo Itagiba (PMDB-RJ), autor do requerimento que solicitou a presença de Protógenes na comissão. "Não é nada boa a saída do cabeça da investigação em um momento como esse", reagiu o deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR).
Até mesmo integrantes do PT do presidente Luiz Inácio Lula da Silva consideraram, no mínimo, "estranha" a saída de Protógenes no auge da Satiagraha, deflagrada na semana passada. Relator da CPI, o deputado Nelson Pellegrino (PT-BA) disse esperar que a presença do delegado na comissão esclareça detalhes sobre seu afastamento. "A vinda dele aqui será uma boa oportunidade para sabermos a real razão de seu afastamento. Se foi por vontade sua ou não", disse.
Oficialmente, o delegado afirmou que deixou o comando das investigações para realizar um curso presencial superior da PF que terá início dia 21. Segundo a PF, Queiroz chegou a entrar com mandado de segurança para integrar a turma deste ano, pois havia perdido o prazo de inscrição.
Nos bastidores, no entanto, a versão que circula é que Protógenes foi forçado a deixar o caso depois de excessos cometidos em meio às prisões do ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta, do banqueiro Daniel Dantas e do investidor Naji Nahas. Desde que a Operação Satiagraha foi deflagrada, ao delegado são atribuídos "atos de insubordinação", como uso indevido de agentes secretos do governo em sua apuração, além de exposição desnecessária da PF.