Deputados à beira de um ataque de nervos

Um pedido de afastamento da Mesa Executiva e os critérios para as nomeações dos treze cargos destinados a cada uma das comissões permanentes da Assembleia Legislativa motivaram alguns confrontos em plenário na sessão de ontem à tarde. Neivo Beraldin (PDT) pediu o afastamento do presidente, 1.º e 2.º Secretários e Tadeu Veneri (PT) denunciou a existência de um movimento para nomeações desregradas de servidores comissionados nas treze vagas previstas para cada uma das dezenove comissões permanentes. Durante a manhã, Beraldin havia conversado com estudantes que participaram de um protesto contra a contratação de servidores fantasmas na Assembleia Legislativa. No início da sessão, sugeriu que Nelson Justus (DEM), presidente, Alexandre Curi (PMDB), 1.º Secretário, e Valdir Rossoni (PSDB), 2.º Secretário, deixassem seus cargos.

Justus disse que a saída dos titulares dos três principais cargos da Mesa Executiva não iria alterar o processo de mudanças em curso na Casa nem o rumo das investigações de irregularidades que estão sendo realizadas pelo Ministério Público e Polícia Federal. “Discursos como o seu não contribuem para nada. São atos e atitudes firmes que ajudarão a passar a Casa a limpo”, disse o presidente da Assembleia. Rossoni já não foi tão diplomático. Disse que o autor de um pedido de afastamento da Mesa deveria ter “honradez e idoneidade” para apresentar a proposta. “O que nós estamos vendo é a ânsia do deputado Neivo Beraldin para salvar sua vida política. Ânsia de quem não tem voto”, reagiu o tucano, afirmando que Beraldin não pode responsabilizá-lo por irregularidades. “Isso é leviano. É falta de hombridade”, afirmou. O tucano disse que alguns deputados estão aproveitando um momento de crise para salvar a própria pele. “É puro oportunismo. Nós não podemos deixar que vilões e pilantras se transformem em heróis”, atacou o tucano.

Comissões

Ao apresentar um projeto determinando que cada comissão tenha apenas seis cargos e que cinco sejam preenchidos por concursos públicos, Veneri sugeriu na tribuna que alguns deputados estavam tentando abrigar protegidos políticos nas vagas abertas nas comissões pela lei 16.390, que redistribuiu os cargos da Mesa Executiva e das Comissões. A lei instituiu uma verba fixa de R$ 32,1 mil para contratações, com direito a pagamento de 60% sobre esse valor a titulo de gratificações, totalizando R$ 51,3 mil, mensais.

Vários deputados cobraram de Veneri que apontasse o nome dos colegas que estavam tentando se beneficiar com as nomeações. Nereu Moura (PMDB) acusou Veneri de tentar se promover junto à opinião pública. Mas foi então que a deputada Rosana Ferreira (PV), que preside duas comissões, confirmou a acusação de Veneri. Ela disse que foi procurada para ceder cargos para outros parlamentares nas comissões sob sua responsabilidade. Justus encerrou a discussão dizendo que todas as nomeações para as comissões estão congeladas até que se regulamente a abertura do concurso público para os cargos técnicos.

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