O deputado federal Alfredo Sirkis (PV-RJ), que hoje anunciou que está se licenciando de suas funções partidárias, rebateu nesta quinta-feira nota divulgada pela Executiva Nacional do PV, segundo a qual é uma “falsa polêmica” a alegação de que falta democracia interna na sigla.
O parlamentar ironizou as mudanças anunciadas pelo PV e lembrou que, em nenhum momento, a legenda cogita a promoção de eleições diretas para a escolha da direção partidária. “Eles não fazem menção sobre a convenção ou sobre a necessidade de renovação da direção do partido.”
O deputado federal, que é um dos fundadores do PV e avalizou a entrada da ex-senadora Marina Silva na sigla, disse que a incorporação de dez pessoas à Executiva Nacional da sigla ocorreu para preparar a campanha presidencial.
Na nota, a direção da legenda lembrou que, para receber a ex-senadora, teve de promover mudanças em algumas posições partidárias. Ele ratificou que a ex-senadora veio para a legenda com a condição de que houvesse eleições e convenções nas instâncias partidárias. O parlamentar negou ainda que Marina Silva tenha trocado o PT pelo PV para ser candidata à sucessão presidencial.
Ao contrário ainda do que alega o PV, o deputado federal disse que, com a entrada da ex-senadora, não houve mudanças nas bandeiras históricas da sigla, como a defesa da união entre pessoas do mesmo sexo e da legalização do aborto.
Ele afirmou que o que foi negociado foi a adoção de uma cláusula de consciência, que permite que filiados explicitem suas posições pessoais em relação a itens do programa partidário.
“O último refúgio das pessoas que querem descaracterizar a atitude da Marina Silva é levantar os temas difíceis”, afirmou. “Levantar isso é jogar areia nos olhos dos outros, é fugir do tema.”
Movimento suprapartidário
No evento em que anunciou a sua saída do PV, promovido na tarde de hoje, a ex-senadora reafirmou que a intenção no primeiro momento não é criar uma nova legenda, e sim um movimento suprapartidário que defenda as suas propostas de campanha.
Ela condenou a pressa para se criar um partido de olho em 2012. “Não se faz um partido para se concorrer às eleições”, disse. Marina Silva evitou admitir se será candidata à sucessão presidencial em 2014. “Se digo que eu não sei, não posso dizer que não sou.”
O grupo da ex-senadora não especificou quantos filiados ao PV irão acompanhá-la. “Alguns estão se desfiliando, outros estão se licenciando e outros estão ficando criticamente. Mas estamos todos juntos”, afirmou a ex-candidata à sucessão presidencial.
Do grupo que deixará o PV estão o empresário Guilherme Leal, o ex-coordenador-geral da campanha à sucessão presidencial, João Paulo Capobianco, que não esteve presente no evento, e o ex-presidente do diretório do PV em São Paulo Maurício Brusadin.
Dos que devem continuar no PV estão o secretário municipal do Verde e Meio Ambiente de São Paulo, Eduardo Jorge, que não compareceu ao evento, e o ex-deputado federal Fernando Gabeira, que anunciou o seu apoio ao movimento suprapartidário criado por Marina Silva. Ele, contudo, não deixou claro se pretende deixar oficialmente o PV.
Os parlamentares eleitos pelo PV em 2010, por sua vez, vão continuar na legenda para não colocar em risco seus mandatos. “Eu estou saindo, mas não posso obrigar o Alfredo (Sirkis) a sair. Eu saí individualmente, cada um aqui sai individualmente”, disse a ex-senadora. No evento, Maurício Brusadin foi questionado se o grupo egresso do PV daria apoio a uma eventual candidatura do secretário municipal Eduardo Jorge à Prefeitura de São Paulo. Segundo ele, ainda não foi acertada uma posição sobre o tema. “Não podemos julgar mais por ele”, respondeu, indicando que o apoio não depende apenas de uma relação de amizade.