Deputado questiona Lei da Transparência

O deputado estadual Jocelito Canto (PTB) protocolou ontem Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) no Tribunal de Justiça do Paraná contra a Lei da Transparência, sancionada terça-feira pelo governador Orlando Pessuti (PMDB).

O deputado, único voto contrário à proposta (encaminhada pela Ordem dos Advogados do Brasil e pela Associação dos Juízes Federais do Paraná à Assembleia), sustenta que a lei fere princípios das Constituições Estadual e Federal, além de ser inócua, por já haver legislação que exige a publicação de gastos dos Poderes.

“Não sou contra a transparência, ao contrário, fui o primeiro deputado a colocar no meu site e divulgar as verbas que recebo, inclusive o meu contracheque. Agora, da maneira como a lei foi apresentada, existem problemas graves de constitucionalidade. A Comissão de Constituição e Justiça, na Assembleia, já havia emitido parecer prévio destas incoerências”, disse.

Jocelito disse que o Estado já disponibiliza aos cidadãos no Sistema Integrado de Acompanhamento Financeiro (Siaf), para consulta sobre os gastos dos órgãos públicos, não havendo necessidade da nova lei, que o deputado considera um instrumento político, ancorado pelo momento que a Assembléia Legislativa viveu com as denúncias publicadas pela imprensa neste ano.

“Temos maneiras de saber quanto cada órgão público gasta. Tentaram usar o momento ruim que o Poder Legislativo viveu para dar uma ideia falsa para a sociedade de que haveria um controle mais rigoroso das contas. O que não é verdade. Temos leis que determinam e os Poderes já fazem isso. Além do mais, a Lei da Transparência fere princípios básicos da Constituição, como a interferência de um Poder no outro e divulgação de salários”, disse.

A Lei da Transparência foi apresentada pelas entidades aos deputados estaduais Tadeu Veneri (PT), Marcelo Rangel (PPS) e Ney Leprevost (PP) durante a manifestação na Boca Maldita contra as denúncias de atos secretos e contratação de funcionários fantasmas pela Assembleia.

Após passar por algumas adaptações o projeto foi apresentado no plenário e aprovado com apenas um voto contrário. A lei obriga todos os órgãos públicos a publicarem na internet, e não apenas em Diários Oficiais, todos os seus gastos com pagamento de salários, compras e serviços.

Caso os gastos não sejam publicados em até 30 dias, os valores serão ressarcidos aos cofres públicos. A Adin, com pedido de liminar, proposta por Jocelito Canto, será analisada pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Paraná.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna