Na onda das novas denúncias e investigações policiais contra a administração do Porto de Paranaguá durante o governo de Roberto Requião (PMDB), o deputado estadual Douglas Fabrício (PPS) anunciou que vai propor a instalação de uma Comissão Parlamentar Inquérito (CPI) da Corrupção, na volta dos trabalhos na Assembleia Legislativa, a partir de 1º de fevereiro.
“Irregularidades na administração dos portos, na verdade, é só uma das muitas maracutaias deixadas pelo governo anterior”, enfatiza o parlamentar, que relembra problemas envolvendo o fundo de previdência dos servidores estaduais, o ParanáPrevidência; a Ferroeste e diárias de viagem na Secretaria de Estado da Educação.
“São pontos que já cobrávamos e que acho que a Assembleia pode tomar providências. O Paraná perdeu muito e não é porque terminou o governo que vamos passar uma borracha em tudo. Assim como a Assembleia Legislativa foi e está sendo passada a limpo, o governo Requião tem de ser passado a limpo também”, defende o deputado, ao lembrar que as informações solicitadas por ele sempre foram sonegadas pelo governo anterior.
O PPS fez parte da base aliada que elegeu o governador Beto Richa (PSDB). “O novo governo pegou um Estado sucateado, sem condições de investimento, e as investigações são necessárias para dar uma resposta para a sociedade. Problemas que são do governo anterior podem ficar nas costas do atual”, afirma.
Douglas Fabrício reconhece que seus pedidos anteriores para investigar atos do governo estadual não tiveram sucesso. “Já tentamos vários pedidos de informação, mas na época a base do governo barrou tudo”, diz.
Legalmente, é necessário que se obtenha a assinatura de pelo menos 18 deputados, um terço do quadro dos deputados da Assembleia, para que a CPI possa ser apresentada.
Depois, depende da presidência da Casa dar sequência ao projeto. “No início de fevereiro vou começar a conversar com outros deputados para pedir o apoio na instalação da CPI, começando pelos meus colegas de partido”, conta o parlamentar.
Em 2007, junto com Douglas Fabrício, o deputado Valdir Rossoni (PSDB) já havia tentado criar uma CPI da Corrupção para investigar escândalos do governo Requião.
Na época, o Porto de Paranaguá já era alvo de investigação pretendido pelos parlamentares, junto com a compra superfaturada de TVs laranjas (televisões de 29 polegadas de tela plana para as escolas estaduais, compradas da maior doadora da campanha eleitoral de Requião, a empresa Cequipel, que venceu licitação); uso de cartões corporativos; repasse e atuação de organizações não-governamentais no Paraná, além dos considerados excessivos gastos com publicidade.
A estratégia não deu certo e a CPI naufragou. A então bancada governista propôs a criação simultânea de cinco outras CPIs para obstruir a instalação da CPI da Corrupção.