"Isso tudo é calúnia"

Deputado preterido para o Turismo nega acusação de assassinato

Preterido na disputa pelo comando do Ministério do Turismo, o deputado Manoel Júnior (PMDB-PB) foi ontem ao Palácio do Planalto para dizer que é um político ficha-limpa. Munido do relatório da CPI dos Grupos de Extermínio, Júnior procurou o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, e jurou nunca ter mandado matar ninguém. “Isso tudo é calúnia do deputado Luiz Couto, do PT”, afirmou Júnior, numa referência a seu adversário, que foi relator da CPI de 2003 a 2005.

Depois de horas de impasse na busca de um substituto para Pedro Novais, a presidente Dilma Rousseff chegou a examinar, na quarta-feira, o nome de Júnior para o cargo. Foi informada, porém, que havia denúncias de seu envolvimento com assassinatos na Paraíba e em Pernambuco.

Apadrinhado pelo presidente do Senado, José Sarney, o deputado Gastão Vieira (PMDB-MA) acabou sendo o escolhido para ocupar a cadeira de Novais. Mas Júnior, indicado pelo líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), não se conformou de perder a vaga e, ainda por cima, ficar com a pecha de ficha-suja.

“Em nenhum momento eu achava que seria o escolhido. Afinal, quem sou eu diante de Gastão Vieira, que tem um guardião muito mais forte do que todos nós?”, comentou Júnior, sem mencionar Sarney. O deputado garantiu, porém, que não foi por isso que procurou Carvalho. “Eu fui ao Planalto porque tenho a obrigação moral de me defender. Tenho todas as certidões negativas em ordem e quero agora uma acareação com Luiz Couto.”

A dificuldade de Dilma para definir o sucessor de Novais expôs a fragilidade do sistema de inteligência do governo ao conferir a “ficha” dos indicados para compor a equipe ministerial. Até as 20 horas, a presidente não sabia das acusações contra Júnior e até ministros acessavam o Google, na internet, para obter informações.

Júnior afirmou que, na próxima semana, pedirá um “tira-teima” à seção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) na Paraíba. “Quero uma audiência pública para que Couto diga por que pôs meu nome na CPI do Extermínio”, insistiu. Couto, por sua vez, procurou se desvencilhar da polêmica. “Eu nem sabia que ele era candidato a ministro”, disse o petista. “Esse rapaz tem a síndrome da raposa derrotada, que não consegue pegar as uvas e fica pondo a culpa nos outros.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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