O presidente da CPI da Corrupção na Câmara Legislativa do Distrito Federal, deputado Alírio Neto (PPS), negou hoje ter anunciado a anulação da comissão de inquérito na semana passada. O deputado afirmou que foi mal interpretado, pois teria anunciado apenas o fim da última sessão da quinta-feira passada, e não do funcionamento da comissão.

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A CPI deveria investigar a denúncia de existência de um esquema de corrupção no Governo do Distrito Federal e na Câmara Legislativa chamado “Mensalão do DEM”, com coleta de dinheiro entre empresários e distribuição de propinas e secretários do governo e a deputados distritais. De acordo com investigações de Polícia Federal, que resultaram em ação no Superior Tribunal de Justiça (STJ), o esquema seria comandado pelo governador José Roberto Arruda (sem partido), com envolvimento de oito deputados.

Ao negar que tenha encerrado a CPI da Corrupção, Alírio Neto culpou a imprensa, que, segundo ele, “sacrifica” as pessoas. “Não vou colocar para debaixo do tapete qualquer posição de infração às leis do meu País. Não tenho interesse nenhum de me furtar a ouvir o doutor Durval. Mas, também, em toda a minha história, nunca fiz injustiça”, afirmou o deputado. Durval Barbosa, ex-secretário de Relações Institucionais do governo Arruda e alvo de vários processos na Justiça, é o denunciante do esquema de corrupção.

No dia 18, o deputado Alírio Neto anunciou que todas as comissões em funcionamento até aquele momento – CPI da Corrupção, Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e comissão especial – estavam nulas. Disse que isso estava acontecendo porque o juiz Vinícius Santos, da 7ª Vara de Fazenda do Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDF), ordenara a oito deputados distritais que se abstivessem de participar das análises dos pedidos de impeachment do governador Arruda e determinara a anulação de todos os atos por eles praticados.

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Depois do anúncio do fim da CPI feito por Alírio Neto, o juiz Vinícius Santos esclareceu que seu despacho estava direcionado à CCJ e à comissão especial, e não à CPI da Corrupção.

O presidente nacional do PPS, Roberto Freire, criticou a ação do presidente da CPI e orientou o Conselho de Ética do partido a pedir explicações a Alírio Neto sobre as razões para anular a comissão de inquérito.

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A oposição avalia que a manobra da base aliada tinha como objetivo atrasar as investigações sobre o governador e invalidar o depoimento do ex-secretário de Relações Institucionais Durval Barbosa. O depoimento de Durval foi mantido pelo presidente interino da Câmara Legislativa, deputado Cabo Patrício (PT), para amanhã, na sede da Polícia Federal.

A deputada Eliana Pedrosa (DEM), também aliada do governo, endossou a explicação apresentada hoje por Alírio Neto e negou ter havido manobra da base governista para impedir as investigações sobre o esquema de corrupção que a CPI deveria investigar. A deputada disse que, no seu entendimento, Alírio Neto havia anunciado a decisão de encerrar os trabalhos daquele dia.