O presidente da CPI do Banestado, deputado Neivo Beraldin (PDT), invocou a sua condição de presidente da Comissão de Fiscalização da Assembléia Legislativa para propor a convocação do ex-governador Jaime Lerner (PFL). Beraldin buscou respaldo nos artigos 28 do Regimento Interno da Assembléia e 62 da Constituição Estadual. Os dois artigos prevêem a competência das comissões permanentes para “solicitar depoimento de qualquer autoridade ou cidadão”.
Anteontem, o presidente da Assembléia, Hermas Brandão (PSDB), recusou-se a receber o requerimento de Beraldin argumentando que a Assembléia não tem a prerrogativa de convocação de ex-governadores. Beraldin propõe a convocação de Lerner para depor sobre as contas do Estado relativas ao ano de 98.
Beraldin envolveu-se ontem em nova discussão com os demais integrantes da CPI que o acusam de autoritário. O presidente da CPI reagiu propondo a divisão da relatoria da Comissão em quatro. A relatora é a deputada peemedebista Elza Correia, que fez as mais duras acusações a Beraldin. A deputada criticou a forma como o presidente da CPI tem conduzido os trabalhos. Elza afirmou que Beraldin não consulta aos demais integrantes da CPI para a tomada de decisões.
A proposta de Beraldin é que a Comissão distribua os trabalhos por temas: quebra do Banestado, saneamento do banco, alienação do Conglomerado Banestado e lavagem de dinheiro através das contas CC-5. A criação das subcomissões será decidida na próxima semana pela CPI. “Desta forma poderemos equacionar o volume de trabalho e ir mais fundo nas apurações”, justificou o deputado.
Equívoco
O presidente da CPI disse ainda que a atual relatora sempre teve acesso aos documentos. Ele acusou a deputada de querer receber um relatório pronto com os dados que estão sendo analisados pela equipe de seu gabinete. “Os documentos sempre estiveram à disposição dos integrantes da CPI, mas o que a deputada quer é o trabalho pronto e isso minha equipe técnica não vai fornecer à relatoria”, disse.
O deputado afirmou ainda que as cópias das trinta mil páginas de documentos fornecidos pelo Banco Central e que estão sendo examinados pela equipe técnica do gabinete serão encaminhadas à diretoria geral da Assembléia. Beraldin irá solicitar uma sala exclusiva para o trabalho da Comissão.